A situação de Vítor Pereira no Corinthians remete aos dramas passados pelo clube ao longo dos últimos anos: a possibilidade de perder um bom técnico no meio de um trabalho de (re)construção de time e ter assim mais uma vez interrompido um projeto de futebol no CT Joaquim Grava.

Foi inclusive dois meses antes da inauguração de seu centro de treinamento que o Corinthians perdeu Mano Menezes para a Seleção Brasileira. Foi a primeira baixa de técnico na gestão Renovação & Transparência - cenário que já acontecera outras vezes na virada do século e seguiu se repetindo ao longo dos 15 anos de poder do grupo político que até hoje comanda o clube.

No fim do primeiro semestre de 2016, o mesmíssimo roteiro: Tite e boa parte dos funcionários da comissão técnica corinthiana deixaram o clube rumo à Seleção. Em 2018, foi a vez de Carille e demais funcionários também pedirem as contas ao Corinthians, mas dessa vez rumo ao futebol saudita.

A possibilidade de saída de Vítor Pereira ao fim de 2022, reforçada nesta segunda-feira pelo jornalista André Rizek, do SporTV, e jamais descartada pelo técnico quando questionado sobre o assunto, revive no Corinthians o fantasma dos desmanches que marca a gestão do futebol alvinegro nesse século.

Antes mesmo de Andrés Sanchez, cabeça do atual grupo político à frente do Corinthians, assumir o mandato tampão de 2007, o clube já havia passado por situação similar com Carlos Alberto Parreira, em 2002, e Vanderlei Luxemburgo, em 1998, também seduzidos pela Seleção Brasileira.

A importância de manter um projeto de futebol a médio/longo prazo sob comando de uma comissão técnica competente está escancarada na própria história recente do Corinthians. Na única exceção à regra dos últimos anos, o clube construiu um time campeão de Mundial, Libertadores, Recopa, Brasileiro e Paulista na era Tite de outubro de 2010 a dezembro de 2013.

Para o bem do Corinthians, resta torcer para o presidente Duilio Monteiro Alves e seu diretor de futebol Roberto de Andrade conseguirem negociar a permanência de Vítor Pereira e sua comissão técnica para 2023. Enquanto isso, do outro lado da cidade, o clube arquirrival se encaminha para a quarta temporada seguida com aquele que já se tornou o maior treinador da história alviverde...

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