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Jogo fora teremos que ganhar!
Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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Jogo fora teremos que ganhar!

Fiel faz a diferença em casa, mas Corinthians precisa voltar a ganhar fora também

Foto: Rodrigo Coca/ Agência Corinthians

Vamos, vamos Corinthians! Tá na hora do Corinthians pensar seriamente sobre seu desempenho em jogos fora de casa de uns tempos para cá.

Quando digo “de uns tempos para cá”, quero dizer que não vem de hoje nem de ontem essa dificuldade ao enfrentar seus adversários fora de Itaquera. Na verdade, isso tem acontecido nos últimos anos.

Sou um defensor apaixonado da Arena em Itaquera. Com o tempo fui adaptando meus hábitos, e hoje, quase uma década depois da inauguração do estádio (que ainda pode ser chamado de novo), não o trocaria por nada.

Me referi ao bairro de Itaquera, não para evitar o nome da Neo Química, mas para ressaltar o papel que o bairro e toda a região exerce na representação simbólica do que é o Corinthians. Evidente que o Sport Club Corinthians Paulista é muito maior que a Zona Leste, assim como muitas nações ou religiões são muito maiores do que suas matrizes. Mas naquelas ruas tortas onde os “esquentas” rolam soltos. Onde cada grupo de amigos combina pra se reunir, tomar uma cervejinha, fazer uma carninha, comer um sanduíche de pernil ou uma calabresa. Ou mesmo se juntar para desabafar, falar do nosso Corinthians, relembrar jogos incríveis, pensar e se preocupar com o futuro do nosso time.

A atmosfera parece perfeita. Itaquera e a Zona Leste são numerosas, as ruas são simples, a gente se sente a vontade, o Parque São Jorge está por ali, o CT está por ali, os trabalhadores estão por ali, mas o Corinthians vai muito além dos espaços físicos e das regiões geográficas. O Corinthians paira no ar e está presente em qualquer lugar. O Corinthians é amplo, gigante, metropolitano, cosmopolita, estadual, nacional, mundial.

Ainda que eu defenda com ardor a nossa casa, é preciso observar uma mudança frequente no comportamento do Corinthians que preocupa bastante.

Quando o Corinthians “não tinha estádio” estava acostumado a jogar em qualquer lugar. Não sentia tanta diferença. Um bom exemplo eram os clássicos contra o São Paulo. Foram décadas jogando, “em tese”, na casa do adversário. Existia até aquela brincadeira que dizia que SPFC significava Salão Para Festas Corinthianas. Para além do Morumbi o Corinthians até outro dia jogava a vontade no Mineirão, no Maracanã, na Fonte Nova ou em qualquer outro estádio lotado. Parecia até mesmo que o Corinthians jogava melhor, pois a pressão da torcida adversária fazia com que nosso time entrasse mais concentrado e, de quebra, deixava os jogadores do outro time mais nervosos e inseguros.

Eu sei que muitos irão concluir, com alguma razão, que temos ido mal nos jogos fora de casa de uns tempos para cá porque nossos times têm perdido em competitividade. Pode ser, mas o desempenho entre os jogos fora e os jogos em casa destoa muito. Beira o absurdo.

E, permitam-me dizer, time de alçapão só se fode. Vocês conhecem alguns, nem preciso citar os nomes. Mas existem aqueles clubes que acreditam serem maiores apostando em criar um pandemônio para o adversário nos jogos em suas casas. Fora de casa são mansinhos, mas quando o jogo é na casa deles provocam, intimidam, criam situações, a torcida se inflama, mas no final sempre se ferram.

Eu acho muito melhor ser o clube das Invasões. Quantos jogos históricos do Corinthians foram vencidos na casa do adversário. A primeira invasão que ocorreu em 1931 contra o Santos, na conquista do tricampeonato paulista. A virada histórica contra o Vasco em São Januário em 1935. A Invasão em 1976 contra o Fluminense no Maracanã, até hoje (talvez para sempre) o maior público em jogos do Timão. O Mundial de 2000 contra o Vasco, também no Maracanã. No Japão não conta porque jogamos em casa.

Estou sendo leviano, citando apenas alguns jogos. Cada corinthiano traz na memória jogos incríveis. Quem gosta de viajar seguindo o Corinthians onde ele estiver conhece muito bem o que é isso.

Mas aí, nesses últimos tempos, de vez em quando a gente viaja pra ver o Corinthians e muitas vezes parece que nosso time nos deu um bolo e sequer apareceu.

Não sei se falta concentração, um esquema de jogo mais adequado para esse tipo de partida.

Bom, mas chegou a hora de voltar a ser como sempre foi.

A torcida também pode exercer o seu papel, ajudando a mobilizar nossos esforços, energias e preocupações para que toda a comunidade corinthiana, que inclui os jogadores dentro de campo, se mobilizem para que voltemos a desempenhar melhores papeis nos jogos fora de casa.

A verdade é que não dá pra pensar em títulos sem um desempenho robusto fora de casa. É só olhar o retrospecto. Quem não ganha fora não levanta taça.

Caiu em Itaquera, já era. Mas vamos balancear um pouco as energias, porque jogo fora teremos que ganhar.

Vai, Corinthians!

Veja mais em: Torcida do Corinthians e Neo Química Arena.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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