Itaquera: time morno, tecnicamente limitado e sem repertório tático
Opinião de Walter Falceta
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1) Neste dia 18 de Setembro, completavam-se 10 anos do falecimento de Idário, atleta espetacular do dream team da década de 1950. Na noite de Itaquera, entretanto, ninguém no time de Carille honrou aquilo que nosso saudoso médio-direito tinha de sobra: raça.
2) O Timão iniciou a peleja em baixa temperatura, cauteloso, em seu jogo de meia-lua inspirado no handebol, bastante característico do técnico mosqueteiro. Raros lances de gol. Mais uma vez, não se fazia valer o mando de campo em um duelo sulamericano.
3) O Independiente Del Valle, ao contrário, rolava a bola com fluidez, recompondo rapidamente suas linhas depois das investidas no ataque. O time de rosa superava o esquadrão corinthiano, sobretudo, em repertório de jogadas. O espanhol Miguel Ángel Ramírez deu um banho tático em Fabio Carille.
4) Nessa primeira etapa estranha, o VAR salvou os donos da casa, que assistiram atônitos a um gol contra de Gil. No entanto, a estranha formação corinthiana continuou a facilitar as triangulações dos visitantes, especialmente pelo setor direito, por vezes, em deslocamentos nas costas de Fagner.
5) Quem viu o jogo de cima identificou, em várias ocasiões, uma formação de 3-6-1 no Corinthians, em que se via avançado um dos zagueiros de área ou mesmo o lateral direito.
6) Explica-se: os volantes Gabriel e Urso simplesmente recusaram a atribuição da saída de bola. Por vezes, a função era exercida por Gil ou pelo esforçado Manoel. Essas brechas atrás da barreira de meio de campo facilitaram as jogadas ofensivas do Independiente, especialmente aquelas que resultaram em seus dois tentos.
7) Faltou zelo a Pedrinho, muito pregado na lateral do campo, fatal ao perder bolas na trama ofensiva. Faltou futebol para Clayson, que mal foi visto em campo.
8) No segundo tempo, o repertório escasso de Carille facilitou o labor dos visitantes, que anotaram mais um gol a partir de descida pelo desguarnecido setor direito da defesa mosqueteira. A bola cruzada encontrou o lépido Gabriel Torres, mais uma vez, pronto a balançar as redes de Cassio.
9) Depois disso, o time da casa alternou momentos de apatia com surtos de desespero. O lento Love atuou mais como meia, procurando gerar opções no setor de criação. Janderson, na correria, deu energia ao setor esquerdo de ataque, mas sem efetividade.
10) O Corinthians é um time que necessita de reinvenção e de um choque de energia criativa. Acomodou-se na limitação da excessiva prudência e raramente vira um jogo.
11) Nada é impossível, mas exige-se grande otimismo para imaginar uma virada no Equador. Sem desmerecer os últimos dois Paulistas, a equipe mosqueteira não empolga desde a parada do Campeonato Brasileiro de 2017. Nas cercanias do metrô, na volta para casa, havia muita insatisfação nos olhares de quem rumava para Suzano, Brasilândia e Capão Redondo. A Fiel merece muito mais dos bem remunerados profissionais que fazem o futebol corinthiano.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.