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Carta aberta ao presidente Andrade
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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Carta aberta ao presidente Andrade

Arrogância na tribuna

Foto: Reprodução: Premiere FC

Prezado Sr. Presidente,

por meio desta singela missiva, pretendemos relembrá-lo de conceitos, valores e fatos que construíram e consolidaram o ethos corinthiano.

Se puder reservar meia hora à pesquisa, sugerimos que leia nosso mais antigo estatuto disponível, aquele de 1913, redigido pelos inspirados operários, carroceiros e comerciantes do Bom Retiro.

Ali, como vanguarda, estabelece-se que o clube universaliza seus acessos, sem instituir vetos que ecoem o preconceito e a discriminação.

Adiantamos para o senhor. Podem se associar ao clube “indivíduos de bons costumes, não se observando nacionalidade, religião ou política”.

E sigamos: “é dever do associado não ofender com palavras, gestos ou manifestações, em campo ou na sede, os consócios”.

Na reforma de 1916, há outro ensinamento que lhe servirá de reflexão: é dever do associado “elevar o club com seu proceder moral dentro e fora do recinto social”.

Se o senhor já acompanhava o nosso Corinthians em 2005, há de lembrar-se do triste episódio que envolveu o atleta Fininho, que desrespeitou a fiel torcida ao exibir-lhe acintosamente o dedo médio.

Depois disso, praticamente encerrou sua carreira em nossa agremiação.

O senhor certamente sabe o porquê.

Porque aqui a figura mais importante não é o técnico, não é o atleta, tampouco o presidente. A figura de maior relevo é o torcedor corinthiano, seja ele rico ou pobre, bacharel ou braçal, porque ele é dono desta mística, proprietário legítimo de toda nossa tradição.

Lá em 1910, nosso primeiro presidente, Miguel Battaglia, decretou: “este é o time do povo, e é o povo que fará o time”.

Portanto, quem faz é quem manda!

Perder faz parte do jogo. Mas se for inevitável a derrota, que seja resultado de maior mérito do adversário.

Não se admite aqui que nosso farto recurso, resultante do esforço de 30 milhões, seja desperdiçado pela negligência, pela incompetência ou pelo interesse financeiro de pessoas ou grupos.

O Corinthians que caiu diante do rival Palmeiras, na Arena em Itaquera, neste sábado, foi retrato de uma gestão confusa, errática e que não prima pela transparência.

O senhor especializou-se em desmanchar times. Com multas irrisórias, permite que o Parque São Jorge se transforme em um feirão de negócios permanente.

Em sua administração, o interesse do intermediário negociante vale mais do que a satisfação do torcedor, corpo e alma do nosso Corinthians, a maior instituição popular do país.

Dessa forma, é natural que nossa comunidade se revolte, que erga a voz para adverti-lo sobre seus equívocos, suas omissões e seus desconhecimentos no que tange à história do campeão dos campeões.

Nestas ocasiões, sugere a boa educação que se ouça com humildade a voz do povo. E ela se elevou vigorosa neste sábado, em Itaquera.

O senhor, ao contrário, pleno de marra e arrogância, resmungou e repetiu de forma infame o gesto do jovem Fininho!

Ora, que sanção deveria impor-lhe a comissão de ética do Sport Club Corinthians Paulista?

É a resposta que a fiel torcida, ansiosa, aguarda.

E de sua parte: servem desculpas protocolares, distantes da massa, diante de um microfone na sala de imprensa?

Talvez não.

Portanto, que o senhor deixe de lado a soberba, consulte a nossa história, reflita de forma verdadeira e decida se pode ainda ocupar tão alto posto na nação corinthiana.

Que tome a mais sábia decisão, e que permita ao clube seguir em sua trilha de respeito, de solidariedade e de glória.

Salve o Corinthians!

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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