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Conselheiros do Corinthians explicam voto contra a aprovação das contas de 2021

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Por Giovana Duarte e Mayara Munhoz

Os seis conselheiros que votaram contra a aprovação das contas explicaram os votos ao Meu Timão

Os seis conselheiros que votaram contra a aprovação das contas explicaram os votos ao Meu Timão

Divulgação / Corinthians

O Corinthians teve suas contas de 2021 aprovadas em reunião na noite desta segunda-feira. Apenas sete conselheiros do clube foram contra a aprovação dos valores referentes ao primeiro ano de gestão de Duilio Monteiro Alves. O Meu Timão traz os motivos das negativas.

Os responsáveis por votar "não" pela aprovação das contas foram: Analu Tomé, Arcangelo Sforcin Filho, Marcelo Arone, Carlos Ojeda, Rafael Castilho, Levon Kessadjikian Filho e Rubens Gomes. Eles foram contrários aos outros 191 votos que aprovaram as contas de 2021. Através do conselheiro Rafael Castilho, o grupo explicou a decisão.

"Os motivos pelos quais alguns conselheiros decidiram relevar e esses seis conselheiros decidiram votar contra, como uma forma de protesto, porque sabíamos que as contas seriam aprovadas, é que a gente levou em conta que a transparência ainda é muito precária. O estatuto exige que os balancetes sejam apresentados mensalmente, e isso não acontece. Não temos reuniões periódicas, apresentações públicas ou ao menos aos conselheiros, com demonstrações financeiras do clube. Então ainda consideramos a transparência muito precária; seja para os conselheiros, seja para os torcedores", explicou.

"Nossa chapa decidiu liberar os conselheiros para fazer, democraticamente, a escolha que seja mais coerente. Mas decidimos não criar obstáculos para a aprovação das contas levando em consideração que houve uma mudança visível de diretrizes, um modestíssimo superávit. Estamos reconhecendo que houve um esforço em equilibrar, para interromper o ciclo de endividamento, e o Corinthians parar de dever e equilibrar suas contas", completou o conselheiro.

É importante ressaltar que todos os seis conselheiros fazem parte da Chapa 82 - Reconstruir/Movimento Corinthians Grande. Na reunião da última segunda-feira, eles apresentaram uma carta, lida ao vivo para o presidente Duilio Monteiro Alves, que explica os motivos do voto não.

O manifesto consta, inclusive, com as assinaturas daqueles que fazem parte de chapa mas votaram sim. A carta foi entregue ao presidente do Conselho Deliberativo, Alexandre Husni, para constar na ata da reunião - veja na íntegra abaixo.

Para exemplificar a falta de transparência que ainda acontece por parte da diretoria, na visão dos conselheiros, Castilho listou os problemas como o da Taunsa e da Neo Química Arena. Além disso, o conselheiro afirmou que outros pontos de preocupação são os contratos feitos com jogadores em ciclo final de carreira.

"Os contratos de patrocínios, como o caso da Taunsa, que abusa da nossa confiança. É uma empresa que não apresentou garantia nenhuma para ter um contrato com o valor de mais de R$ 20 milhões. Em qualquer lugar, qualquer contrato de R$ 23 milhões, é necessário apresentar garantia, e eles não apresentaram nenhuma. Ficaram na camisa do Corinthians durante um tempão, participaram da apresentação do Paulinho. Ninguém sabia o nome da empresa, hoje todo mundo conhece, e a empresa não pagou um centavo. Acreditamos que contratos sejam lesivos ao clube, não tem acompanhamento devido. Isso causa uma perda muito grande de reputação, é dissuasivo para outros parceiros. As marcas que patrocinam o Corinthians, nada é muito transparente, nada é muito simples. O Corinthians meio que se rebaixa numa situação como essa", avaliou Castilho.

"Outro ponto é a questão da Arena. São oito anos, praticamente, que as informações são muito vagas. Estão sempre dizendo que falta assinar com a Caixa, mas não existe transparência. O Conselho não sabe a real situação, de custo operacional, seja de arrecadação, fornecedores. Isso também é muito precário", seguiu.

"Tem, também, a questão dos contratos com os jogadores. O Corinthians recentemente fez acordo com Cássio, Fagner e com o Gil. Tinha uma dívida com eles, isso estava atrapalhando o fluxo de caixa. Eles esticaram essa dívida com os jogadores, mas também renovando contrato para até três anos. Acho que o do Gil é até o fim do ano que vem; Cássio são três anos. São jogadores que estão em ciclo final de carreira, merecem o nosso respeito, são trabalhadores, têm que ser pagos pelo trabalho deles. Mas a gente tem que se preocupar com a questão do Corinthians. Interna, no nosso endividamento, e essas coisas do impacto. Porque o próximo presidente pode chegar e assumir o cargo já com endividamento muito alto", pontuou.

Porta-voz dos conselheiros que foram contra a votação, Castilho ainda destacou que o restante do grupo entendeu que seria um erro deixar as contas serem aprovadas de forma unânime. Apesar de entenderem que há um movimento de melhora da nova gestão, o conselheiro destacou que ainda é preciso melhorar em pontos cruciais.

"Já está com o endividamento comprometido e isso, é só olhar. Se não acontecer nada de extraordinário, nos próximos anos, na próxima década, o Corinthians vai continuar desse jeito. Muita privação, muita dificuldade. São esses pontos, essas as razões. Com essas razões colocadas, alguns conselheiros da nossa chapa resolveram aprovar para não criar obstáculos, dar um voto de confiança. Mas como dissemos na declaração, não é um cheque em branco", disse.

"Outros conselheiros, eu entre eles, achamos que era importante (votar contra). Inclusive para não passar como unanimidade. Era importante ter ali um protesto, que é mais uma sinalização para que a gente saiba que é preciso continuar e reverter esse processo de endividamento. É continuar com as mudanças de diretrizes e preciso aprofundar, cuidar com muita atenção do futuro financeiro do Corinthians", continuou Rafael Castilho.

"O endividamento tributário também. Não podemos usar a questão do imposto para resolver fluxo de caixa. Ainda que eles coloquem no balancete, e isso foi positivo ali, esse endividamento de tributo que temos e os custos financeiros, isso não pode passar como algo normal. Não podemos criar uma armadilha fiscal de médio/longo prazo porque um dia a conta chega. Uma hora a bomba estoura e isso compromete o futuro do Corinthians", encerrou.

Confira a carta apresentada pelos conselheiros do Corinthians

ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DO SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA, DR. ALEXANDRE HUSNI

Os CONSELHEIROS abaixo identificados em ordem alfabética, vêm, respeitosamente, perante V.Sa., visando a mais regular transparência nas relações entre os membros do Conselho Deliberativo e da Diretoria do Sport Club Corinthians Paulista, requerer a juntada na Ata da Reunião o seguinte comunicado:

A Chapa 82 – Reconstruir, aqui representando também o Movimento Corinthians Grande gostaria de apresentar a manifestação escrita no seguinte sentido:

Causa-nos enorme preocupação a situação econômica, financeira e fiscal do Sport Club Corinthians Paulista, principalmente no que se refere aos prognósticos para o futuro de médio e longo prazo.

Adiantamos e destacamos que nossa chapa 82, em sua maioria, decidiu pelo voto democrático, liberando cada membro a votar as contas de 2021 de acordo com a sua consciência.

No entanto, é de grande importância destacar que essa aprovação não significa um cheque em branco para a atual administração, mas, um voto de confiança e o reconhecimento de que existem sinalizações importantes de mudança nas diretrizes da gestão financeira do nosso amado clube.

Pensando sempre no Corinthians e em apoiar iniciativas transformadoras, a maioria de nossa chapa não irá causar obstáculos para aprovação das referidas contas.

No entanto, destacamos nossa preocupação e também nossos protestos quanto a tão apregoada e prometida transparência, especialmente na apresentação de balanços periódicos e em contratos com parceiros que não inspiram confiança e deixam o associado e nosso torcedor com uma sensação terrível de desconfiança.

Destacamos que a ausência de divulgação dos balancetes mensais contraria o disposto no parágrafo segundo do art. 122 do nosso estatuto, que assim dispõe:

Art. 122...
§2º. O clube divulgará mensalmente em sua sede social e em seu sitio oficial suas demonstrações financeiras.
Diante deste artigo, não se justifica a ausência de apresentação de demonstrações financeiras há 7 (sete) meses.

Nesse mesmo sentido, não conseguimos entender os motivos das contas da Neo Química Arena (Arena Corinthians) não serem divulgadas também, nos causando espécie que a mais importante conquista alvinegra nos últimos anos não tenha a correta e necessária divulgação de seu custo total, do exato valor de sua dívida, das demonstrações de pagamentos das prestações junto aos agentes financiadores, bem como informações de sua rentabilidade mensal.

Os demonstrativos financeiros de nosso estádio deverão ser divulgados, nem que seja de forma restrita aos membros do Conselho Deliberativo, todavia, não podem permanecer sigilosos como são há quase 8 (oito) anos.

Ressaltamos também que nossas dívidas crescentes com impostos é extremamente danosa para o futuro do Corinthians, sendo certo que o inadimplemento de impostos não pode se configurar como uma saída de curto prazo, afinal, como cansamos de ouvir da boca de algumas das nossas mais expressivas lideranças: "uma hora a conta chega".

Igual preocupação, merecem os acordos e contratos de longo prazo com jogadores que estão já no ciclo final de suas carreiras. Não sabemos ao certo quais os compromissos foram assumidos, todavia, temos a certeza de que o próximo presidente terá boa parte de suas receitas comprometidas e os próximos anos do Timão ao que tudo indica, serão repletos de dificuldades e privações.

Não podemos construir para nós mesmos uma armadilha financeira e fiscal de médio e longo prazo, afinal, isso poderá custar o nosso futuro.

Por outro lado, também não podemos admitir que nossa marca, nossa camisa, nossas redes sociais e nossa torcida sejam utilizadas para a divulgação de empresa que não cumpre obrigações com o próprio clube, como ocorrido recentemente com a suposta anunciante “Taunsa”, empresa que mesmo em mora há mais de 40 dias teve sua marca amplamente divulgada pelo clube, que até a presente data não recebeu nenhum valor de pagamento.

Como dissemos, acreditamos que a maioria de nossa chapa poderá dar o seu voto de confiança, mas permaneceremos fiscalizando e cobrando com muita aplicação e com o cuidado que o Corinthians merece.

Nossa intensão nunca é de atrapalhar gestão alguma, mas de cumprir o papel democrático que nos foi confiado, afinal, instituição nenhuma no mundo cresce verdadeiramente se não houver controle, fiscalização e oposição.

A Democracia nunca fez mal a ninguém, ela serve para o Corinthians, serve para o país e serve até mesmo na casa da gente, afinal, muitas vezes o bom pai é aquele que alerta o filho, assim como bom irmão é o que pondera e o bom e verdadeiro amigo é aquele que diz de peito aberto frases difíceis e que também sabe dizer não.

Os conselheiros de nossa chapa estão livres para votar com sua consciência, como já enfatizado, sendo certo que aqueles que não se sentirem convencidos quanto a apresentação de contas ou também não se mostrarem satisfeitos com as explicações apresentadas terão o respeito de nossa chapa, e acreditamos também, do conjunto de conselheiros dessa casa, assim como aqueles que votarem favoravelmente as contas, o farão com as ressalvas deste documento.

Por fim, ressaltamos que a eventual aprovação das contas de 2021 não exime os atuais gestores, que tiveram participações em gestões com contas rejeitadas recentemente.
O eventual voto de confiança não significa que fechamos os olhos para o que aconteceu em um passado recente, devendo os gestores e membros do Conselho Deliberativo manterem os olhos bem abertos para os risco que estamos correndo.

Agradecemos a atenção de todos e seguiremos firmes num único propósito de ver nosso Corinthians forte, justo, fiel a nossa história e ao amor de nossa torcida e, é claro, um Corinthians vencedor.

Vai Corinthians!!!!!

São Paulo, 25 de abril de 2022

Nome: Ana Lucia Tomé Orfão
Matrícula: 319.353-00

Nome: Arcangelo Sforcin Filho
Matrícula: 911.538-00

Nome: Armando José Terreri Rossi Mendonça
Matrícula: 312.260-00

Nome: Caio Mora Ribeiro
Matrícula: 320.028-00

Nome: Carlos Henrique Cavalcante Matheus
Matrícula: 260.094-00

Nome: Carlos Ojeda
Matrícula: 295.608-00

Nome: Fabio Antônio Palmieri
Matrícula: 319-013-00

Nome: Fabio Francisco de Albuquerque Carrenho
Matrícula: 306.022-00

Nome: Fabricio José Parras Vicentim
Matrícula: 267.760-00

Nome: Fabio Luiz da Silva
Matrícula: 307.636-00

Nome: Jair João de Lima
Matrícula: 313.087-00

Nome: Julio Kahan Mandel
Matrícula: 310.763-00

Nome: Levon Kessadjikian Filho
Matrícula: 295.077-00

Nome: Marcelo Arone Garcia
Matrícula: 317.106-00

Nome: Oldano Gonçalves de Carvalho
Matrícula: 305.112-00

Nome: Paul André Reiter
Matrícula: 313.567-00

Nome: Paulo Roberto Bastos Pedro
Matrícula: 314.246-00

Nome: Rafael Ferreira de Castilho
Matrícula: 313.024-00

Nome: Renato Campiteli Rodrigues
Matrícula: 311.320-00

Nome: Rodrigo Adura
Matrícula: 298.900-00

Nome: Rodrigo Vicente Bittar
Matrícula: 318.919-00

Nome: Rozallah Santoro Jr
Matrícula: 313.221-00

Nome: Silvestre Fabbri
Matrícula: 910.152-00

Nome: Ubiratan Mendonca Junior
Matrícula: 316.954-00

Nome: Wagner Augusto Guedes Mohallem
Matrícula: 313.081-00

Veja mais em: Diretoria do Corinthians e Parque São Jorge.

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