Ricardo Gomes
Acho que você tá errado pelo simples fato de que tudo que escreveu se refere a uma situação do tipo 'estão querendo transformar o futebol brasileiro em negócio'. Isso já acontece aqui desde o final dos anos 90! Porém esse não é o problema, o problema era ter o futebol funcionando dessa forma, com pessoas sem capacidade pra gerir os clubes. Você acha que o Corinthians teria dobrado de 450 milhões de dívida pra praticamente 1 bilhão na última gestão do Andrés, caso o clube fosse SAF? Isso nunca teria acontecido! Um ponto que me faz discordar com relação a os clubes serem no máximo porte médio, é o fato de que ganhar títulos da mais visibilidade e com mais visibilidade, os jogadores ganham mais holofotes e são vendidos mais caros. Exemplo? Arana que falam em 23 milhões de Euros pagos pelo Leeds. Se o Atlético não tivesse ganhado tanto nesse ano, ele não seria vendido por mais do que 10 milhões. Então acredite, esses caras vão querer chegar aqui pra futuramente montar elencos que ganham títulos. Não vai ser da noite para o dia, pois eles vão estruturar o clube financeiramente. Mas depois que a engrenagem financeira estiver ok, vão fazer sim os investimentos pra ganhar.
em Bate-Papo da Torcida > A grande falácia dos clubes-empresa
Em resposta ao tópico:
Virou moda. Depois da venda de Botafogo e Cruzeiro, agora o assunto entrou em pauta em todos os grandes times brasileiros. Com exceção de alguns, a maioria está propensa a aderir ao formato de Sociedade Anônima, visando reduzir as dívidas e contar com o aporte financeiro de investidores.
Eu particularmente vejo nesse movimento alguns problemas bem preocupantes. Um deles, filosófico. O outro, bem prático. Explico aqui:
Clubes envolvem sentimentos que vão muito além da parte financeira. Os 400 milhões pagos pelo Cruzeiro e Botafogo não compram a história desses clubes, a paixão da torcida, os sentimentos de rivalidade, etc. Isso não tem preço. Clubes de futebol VERDADEIROS são movidos por isso, e não por uma busca incansável pelo lucro. Essa é a realidade. NINGUÉM comemora balanço no azul ao final da temporada.
O outro motivo, bem mais prático, tem a ver com o modelo de negócios em que o futebol brasileiro está inserido. Os investidores de Cruzeiro e Botafogo não são sheiks árabes com dinheiro virtualmente infinito. São empresários, que enxergam nesses clubes ferramentas para ganhos financeiros. Dentro do contexto mundial do futebol, o Brasil serve para revelar bons jogadores. É aí que está a maior fonte de lucro, e é justamente aí que esses empresários irão focar. Os times podem melhorar, mas esqueçam elencos do nível de superpotências europeias.
Eu sinceramente acho que esses clubes vão ter uma gestão parecida com times 'médios' e pequenos da Inglaterra. Fecham no azul, mas são pouco competitivos. O Arsenal é um exemplo.
Vender um clube NÃO é a solução definitiva pros problemas do futebol brasileiro. Pode, sendo otimista, ajudar a melhorar o futebol praticado aqui. Por outro lado, pode transformá-lo de vez num balcão de negócios esvaziado de paixão e competitividade.