Gobbi na presidência: Perdigão ou Sadia? - Ou, a Fiel já viu este filme antes.
Opinião de Jorge Freitas
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Neste ano, tem sido impossível pensar em Corinthians sem pensar em eleiçoes.
Depois de ficar escandalizada com o rombo financeiro nas contas, a Fiel, à beira de eleição de seu próximo presidente, apresenta-se de joelhos à impossibilidade de participação direta no pleito e ao retorno de velhos conhecidos que, mais uma vez, aparecem como solução aos problemas do clube.
Após Andrés, que jamais deveria ter se arriscado novamente como presidente, o nome da vez é de Mario Gobbi, que ficou como manda-chuva entre os anos de 2012 e 2015, sucessor exatamente de Sanchez e um dos nomes que ajudaram o Corinthians a se encaminhar para uma divida astronômica.
Como podemos acreditar que Mario Gobbi é, de fato, a solução para o clube se ele é um dos que ajudaram a criar tantos problemas? Vale lembrar que, nesta década, o primeiro ano em que o clube fechou no vermelho foi exatamente sob o comando do delegado.
Além disso, como presidente, Gobbi fez escolhas bem contestáveis, como a vinda da estrela Alexandre Pato, mesmo com o time e Guerrero em ótima fase, e a preferência por Mano Menezes em vez de Tite, que só voltou ao clube pela vontade de Roberto de Andrade.
Ou seja, é possível discutir também o que o ex-presidente conseguiria fazer para o futebol do Corinthians com muito menos dinheiro em caixa do que em sua primeira passagem.
Embora ainda não tenha confirmada a candidatura, a volta de Gobbi como salvador da pátria faz parecer que o Corinthians é um clube de várzea. Com mais de 30 milhões de torcedores, ver que a solução está em alguém que foi presidente há pouco tempo é como ir ao supermercado e ficar em dúvida entre a lasanha congelada da Sadia ou da Perdigão, empresas que fazem parte de um mesmo grupo empresarial, a BRFoods.
Sabe o que isso me lembra? O São Paulo da década passada, que após vencer todas as principais competições do Brasil, da América e do Mundo, subiu na própria arrogância, tornou-se um "clubinho particular" comandado por poucos e mergulhou numa crise inédita em sua história e que perdura até hoje.
A volta de Andrés tem sido terrível para o clube, pois além de não resolver seus próprios problemas, ainda nos criou vários outros que existirão por muito tempo. Da mesma forma, o que Mario Gobbi traria de novo? O que poderia fazer e que não fez em seus primeiros anos de mandato? O que o gabarita para ser o salvador das finanças do clube? E mais: se agora oposicionista, onde estava Gobbi neste período para fiscalizar as contas do clube? Por que cruzou os braços enquanto o clube se afundava?
Questões pertinentes, que talvez só ele mesmo possa responder.
Um ex-presidente que pretende voltar para reajustar as contas e organizar o clube? Você já viu esse filme antes e nem faz tanto tempo.
Cairemos neste conto de novo?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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