O motivo da discussão contra o Retrô veste roupa social
Opinião de Jorge Freitas
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O jogo entre Corinthians e Retrô, pela Copa do Brasil, realizado na sexta-feira foi bastante marcante, pelo menos para mim. Afastando-se de sua história democrática, o Corinthians foi ao Rio de Janeiro para fazer uma partida em meio a uma pandemia, contra um time de apenas cinco anos, precisou de pênaltis para se classificar e, ao fim, como se fosse uma final de campeonato contra o maior rival, saiu provocando o adversário.
Sim, achei as cenas bastante lamentáveis e, a princípio, imaginei que esta coluna teria a finalidade de criticar a cena feita por Fagner, Cássio e outros, mas não é bem assim.
Precisamos entender melhor o contexto antes de avaliar até que ponto um clube se "apequena" ao iniciar uma discussão dentro de campo com uma equipe infinitamente menor.
Tanto Fagner quanto Cássio são dois dos melhores jogadores em suas respectivas posições aqui no Brasil. Além disso, estiveram entre os 23 convocados na Copa do Mundo de 2018 e foram peças fundamentais para nossos títulos mais recentes. Dominante em sua posição aqui no país, o lateral poderia escolher em qual clube gostaria de jogar e, certamente, seu desejo seria atendido.
No entanto, mesmo sabendo tudo o que acontece dentro do clube, as negociações estranhas, a dívida quase que bilionária e a impossibilidade de realizar grandes contratações, ambos continuam firmes dentro da equipe e costumam soar sangue dentro de campo, mesmo que não estejam sempre em suas melhores condições técnica e física.
Enfim, indo direto ao assunto, não era para o Corinthians brigar com o Retrô nessa sexta-feira. Mas também não era para ir aos pênaltis contra os pernambucanos. Ou melhor, não era para disputar essa fase da Copa do Brasil.
Porém, o clube, com potencial de ser não só o maior do país, mas da América, foi devorado pela incompetência e irresponsabilidade. Destruído por pessoas que juraram salvá-lo, o Corinthians faz papel de time pequeno na competição nacional porque não conseguiu ficar nem mesmo em oitavo lugar no último Brasileirão.
E isso não é culpa de Fagner, de Cássio ou até mesmo de Jô, que vem em péssima fase e foi contratado ganhando uma fortuna mesmo estando parado há mais de seis meses e claramente acima do peso.
Imagine entrar em campo em mais uma temporada sabendo que não estará a altura dos campeões brasileiro e da Libertadores do último ano? Imagine saber que o máximo que podem alcançar é o Paulistão porque a dívida só cresce e o atual presidente é uma extensão do anterior, já que fazia parte da gestão que aumentou ainda mais esse prejuízo? Imagine entrar em campo todo dia para ser parceiro de jogadores que jamais apresentaram nível para estarem no Corinthians?
Não quero fazer o papel de advogado de jogador, mas é preciso entender que a causa maior da briga contra o pequenino Retrô veste camisa social e gasta o dinheiro do clube como se jogasse no ralo.
E aí, lançados num buraco sem fundo, jogadores de nível de Seleção Brasileira precisam aguentar provocação de um time inexpressivo?
É óbvio que não!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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