Com Mancini, um dia a mais é um dia a menos
Opinião de Jorge Freitas
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Somente um torcedor completamente iludido poderia acreditar que Vagner Mancini chegaria ao sétimo mês do Corinthians em alta. No entanto, seu péssimo trabalho não é culpa de si mesmo, mas sim de quem o trouxe sabendo que o treinador jamais estivera a altura de uma equipe como o Corinthians.
Trocado por Fernando Diniz (!) no São Paulo e com pouquíssimos trabalhos de alta qualidade e apenas um título de expressão na carreira (conquistado há 16 anos), o treinador jamais apresentou gabarito para dirigir o time mais valioso da América do Sul, nem mesmo nesse momento crítico que vivemos atualmente.
No entanto, o cenário era indiscutivelmente ideal quando ele chegou, já que a exigência era fazer o time jogar melhor do que jogava com Dyego Coelho (tarefa fácil), além de tirá-lo da briga pelo rebaixamento, simples para um treinador que na grande maioria das vezes jogou mais pelo meio de tabela que pelo topo.
Perdi as contas de quantas vezes fui criticado ao informar à torcida que o bom trabalho inicial de Mancini era, na verdade, ilusão, tamanha a incompetência do time com o interino que o antecedeu. Mas de repente o Mancinismo surgiu e, vejam só, houve até aqueles que acreditavam numa vaga na Libertadores da América.
Depois da vitória por 1 a 0 sofrido contra o Coritiba pelo Brasileirão com um gol de pênalti, boa parte da torcida se eferveceu a favor do treinador. Então, tomei um breve tempo para lembrar que o Coxa estava na zona do rebaixamento naquele momento e havia perdido 13 de seus últimos 20 jogos.
Ou seja, era fundamental fazer algo que boa parte da torcida e dos jornalistas brasileiros não fazem: analisar o adversário além do resultado.
E depois do jogo de ontem, retorno com esse ponto. Ontem, o Corinthians foi incapaz de sair do zero contra o lanterna do Campeonato Paraguaio. Usando a informação do competente colega Lucas Faraldo, o River Plate é o pior ataque, pior defesa, além do time que mais perdeu na competição nacional.
Isso por si só é informação suficiente para entendermos a urgência na troca do comando do clube. Além de não marcar sequer um gol na pior defesa do Campeonato Paraguaio, o Corinthians está há sete jogos sem vencer um time da elite do Brasileirão. A última vitória foi no dia 03 de fevereiro contra o Ceará. De lá para cá, derrotas para Flamengo, Santos, empate contra o rebaixado Vasco, Athlético, Internacional, Bragantino, além do time B ou C do rival Palmeiras. No Paulista, apenas uma derrota, mas nenhum jogo bom. Na Copa do Brasil, um quase vexame contra o Retrô, em mais uma atuação lamentável.
E dessa vez, nem temos a desculpa de que estamos em começo de temporada e o time ainda não se encontrou, pois seguimos o ritmo da temporada que acabou há menos de dois meses.
Sei que ainda haverá aqueles que farão uso da justificativa de que o elenco é fraco e a culpa não é do treinador. No entanto, como é possível saber qual é o real limite desse elenco se o treinador nunca alcançou algo realmente grande na carreira?
Gosto sempre de lembrar que Jair Ventura brigou para não cair enquanto dirigia o Santos com Gabigol, Bruno Henrique e Rodrygo no elenco. Era o time ou o treinador a parte ruim?
Enfim, o Paulista basicamente serve como pré-temporada para as equipes, mas é notório que nada mais acontecerá com Mancini. É como um navio à deriva, sem ter para onde ir, com a única opção de afundar
Por mais em formação que esteja a equipe, não vencer o lanterna do Paraguai é totalmente inadmissível. É vergonhoso!
É preciso buscar alguém que vá além do pobre conhecimento que existe nos treinadores brasileiros. É preciso de alguém que tenha condições de reformular de fato essa equipe, não apenas agir conforme os interesses dos que estão há mais tempo no clube.
Nesse ritmo, um dia a mais se torna um dia a menos, com menos preparação, menos qualidade, menos competitividade, pois não há qualquer perspectiva positiva enquanto não se alterar o comando.
Aliás, nem depois de sair, as escolhas de Andrés Sanchez nos dão felicidade. É realmente incrível sua capacidade de acabar com o clube.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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