O acidente de cada dia no Corinthians
Opinião de Jorge Freitas
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O torcedor corinthiano certamente se lembra de quando cornetávamos o Santos, que só vencia Paulista e depois cumpria tabela no Brasileirão.
Pois é.
Completando dois anos e meio de mero coadjuvante nas competições nacionais e internacionais, o Corinthians passou de maior campeão da década, dominante no cenário nacional, a um clube disposto a apostar todas as fichas no campeonato estadual.
Isso ficou claro depois de hoje, quando Mancini, o treinador com 16 anos de carreira e somente um título de expressão, escalou reservas para enfentar o Penarol no Uruguai, num jogo que valia a sobrevivência na série B da América.
A razão de abrir mão descaradamente de uma competição que, além de render milhões aos cofres do clube, ainda garantiria uma vaga direta na Libertadores é a proximidade das decisões do Paulistão.
Mancini é um treinador esperto (não confundir com competente). Sabe que precisa de um título a curto prazo se quiser permanecer por mais tempo no cargo. Passar de fase na Sul-americana, mas cair no Paulistão não seria suficiente para o garantir no comando da equipe no início do Brasileirão.
Como se não bastasse, a diretoria, que sugou o clube nestes anos, se acostumou a entregar o Paulistão como chamariz para acalmar a torcida. Foi assim nos últimos anos, quando a equipe venceu três seguidos e perdeu o quarto na final.
Afinal, vencer um rival no estadual faz com que os holofotes iluminem a conquistam e escondam tudo o que há de errado no clube.
Um truque bastante usado pelos melhores ilusionistas do mundo.
Mas hoje, contra o Penarol, que fez 6 a 0 no agregado, não há o que se esconder. Com um técnico e uma diretoria que só conseguem vencer estaduais, o Corinthians caminha para ser o Santos da vez.
E sabe o que é pior? Ver o treinador classificar esse vexame como acidente de percurso, de maneira idêntica ao que fez após outra humilhação, contra o Palmeiras em janeiro deste ano.
Acidente é não ter currículo para liderar o maior clube do país, mas chegar lá e ainda ficar por sete meses.
Se nada mudar, será junho e já final de temporada para o Timão.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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