Foram dois pontos perdidos
Opinião de Jorge Freitas
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Entrar em campo em um clássico é sempre uma grande responsabilidade. Assegurar um tabu contra o rival é maior ainda.
Nesta quarta-feira, o Corinthians disputou em Itaquera o 15º clássico contra o rival São Paulo, até então invicto com dez vitórias e quatro empates. Sylvinho certamente sabia do custo altíssimo de ser o primeiro treinador a perder para o rival na Neo Química Arena e, por isso, resolveu jogar de forma mais cautelosa, especialmente na parte final do jogo, quando praticamente aceitou o empate e passou a jogar para defendê-lo.
Mas certamente há um custo de se apresentar dessa forma.
Não enfrentamos em casa o líder da competição ou um clube que disputa vaga pela Libertadores. O São Paulo que entrou em campo estava - e assim continua - na zona do rebaixamento, sem vencer nenhuma partida na competição, com direito a dois empates em seu estádio contra times da zona do rebaixamento.
Por isso, era jogo para ganhar. Que não desse na técnica, fosse na raça. Sempre sou contrário a esta ala da torcida que diz que falta raça ao time, pois defendo que raça pode até ganhar um jogo, mas não leva campeonato.
E se havia um jogo, era esse.
Era fundamental fazer o resultado em casa, concluir a 11ª vitória em quinze jogos, colocar CPF na nota mais uma vez, afundar o rival e, principalmente, ter tranquilidade e respeito da torcida para trabalhar, coisa que Sylvinho ainda está distante de conseguir.
Coisas que o Corinthians de antes faria até com o time reserva em campo.
Mas, como diria o pofexô, "o medo de perder tira a vontade de ganhar" e o Corinthians estava tanto com medo de perder que chegou a dispensar a oportunidade de ganhar.
Confesso que desperdicei duas horas da minha vida vendo esse jogo, tamanha a inofensividade e preguiça de ambos os times. Para o São Paulo, conseguir um ponto em um estádio cujo aproveitamento é de 11% dos pontos conquistados é perfeito. Já para o Corinthians, deixar de fazer o resultado no rival que é mais freguês e vive péssima fase é perder dois pontos.
Pontos que podem e devem fazer falta no final do campeonato.
É claro que é muito fácil falar como se o time que estivesse do outro lado fosse uma equipe amadora sem qualquer treinamento ou conhecimento tático. Mas vendo o jogo, ficou a sensação de que poderíamos mais, pois a impressão que dava é que o rival, mesmo inoperante na parte ofensiva, sobreviveria a mais 90 minutos tranquilamente sem levar um gol.
Amarrado na marcação do rival, Sylvinho praticamente trocou seis por meia-dúzia. Faltou variação tática, faltou buscar o gol, assumir os riscos, pois já está bastante claro qual a única arma ofensiva do time e que será muito bem marcada em todos os jogos.
Clássico não é o que é à toa. Vencê-lo é revigorante, renovador, motivador. Enfim, faltou coragem ao Corinthians e qualidade e repertório a seu treinador.
São preços dá má administração.
PS: Pela primeira vez desde a inauguração da Arena, o Timão passará a temporada sem vencer o São Paulo. Foram dois empates nos dois jogos disputados.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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