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$SCCP: o que você precisava saber antes de investir (mas ainda é tempo)
Jorge Freitas

Colunista esportivo do portal 'No Ângulo', este internacionalista é mais um louco do bando e busca analisar o Timão com comprometimento com a realidade e as necessidades do maior clube do planeta.

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$SCCP: o que você precisava saber antes de investir (mas ainda é tempo)

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$SCCP: o que você precisava saber antes de investir (mas ainda é tempo)

$SCCP precisa ser modernizada constantemente

Foto: Divulgação / Corinthians

O lançamento do $SCCP no fim de setembro foi uma novidade bastante interessante no Corinthians.

Dias depois, escrevi em um dos meus textos que o ativo de nada serviria se não fosse modernizado e que se tornaria apenas um ativo de especulação financeira, útil para quem sabe fazer dinheiro, não para quem quer de fato ter participação efetiva no clube.

Pois bem. Decorrido o prazo do lançamento, o token, que se valorizou por volta de 45% em uma semana, já acumula uma queda de mais da metade de seu valor de lançamento. Ou seja, aquele que depositou seu dinheiro euforicamente no início imaginando um lucro alto a curto prazo, vê-se não somente num prejuízo, mas também numa tendência de queda sem fundo, afinal, não se sabe até quanto pode chegar negativamente esse ativo.

(Lançado em torno de R$ 14,30, nesse momento o $SCCP chegou a valer R$6,96).

Mas afinal, por que isso acontece? Basicamente, é a soma de dois fatores, sendo que em ao menos um deles tem participação direta do clube.

Em primeiro lugar, por mais que um projeto possa ser interessante e atrair torcedores, a realidade é que apenas uma pequena minoria ainda investe no Brasil. Mesmo que a $SCCP seja um ativo ligado ao futebol, sua essência é um ativo de especulação financeira, ou seja, compra-se para ganhar dinheiro, não para participar de decisões esportivas.

Com isso, como a grande maioria dos investidores em criptomoedas são do exterior, tanto faz se o $SCCP apresenta ideias robustas ou não, pois o objetivo desses é comprar quando estiver na baixa e vender assim que alcançarem um lucro razoável, o que torna o ativo praticamente alheio a decisões do clube, que fica refém daqueles que influenciam o mercado de criptoativos.

Vale destacar que esse fato não se restringe apenas à moeda corinthiana, mas as de quaisquer times, tanto no Brasil quanto no exterior.

Mesmo assim, é possível que se adquira o token com ideia exclusiva de participar de decisões do clube, deixando o lucro em segundo lugar? Sim, claro que é, mas é neste ponto que entra o segundo fator do problema. É preciso modernização constante, ideias robustas e engajamento real, com retorno interessante ao torcedor/investidor. Desde seu lançamento, praticamente não se falou mais da $SCCP, a participação da torcida foi insignificante (digo no sentido de promoções realizadas pelo clube) e o ativo caiu não somente em valor, mas também em número de matérias nos portais e no bate-papo diário dos torcedores.

Com esses dois efeitos, a criptomoeda chegou a outubro como um foguete mal lançado, que saiu do chão com velocidade surpreendente, mas despencou e por enquanto não apresenta forças para subir.

Ou seja, sem projeto, torna-se apenas mais uma cripto entre milhares, um ativo aleatório sem projeção positiva além da especulação.

"Ah, mas se o time melhorar, vai subir". Pode ser, mas nada é garantido. Por exemplo, o token do Atlético de Madrid caiu quando o time conquistou o título nacional na temporada passada, ao contrário do que poderia imaginar mídia e maioria da torcida.

Infelizmente, a $SCCP, assim como todas as criptomoedas de clubes, é apenas uma ramificação da Chilliz, "matéria-prima" das criptomoedas de clubes do mundo todo. No entanto, ficou escondido ao torcedor que seu dinheiro se valorizaria muito mais se investisse na "mãe" em vez de sua "filha". Vendeu-se um projeto de participação da torcida que até aqui não se provou e se perdeu em meio a tantas noticias que surgem diariamente no clube.

(A Chilliz (CHZ) subiu em torno de 56% no último mês).

É cedo, eu sei. Difícil julgar com exatidão após um mês de lançamento, mas um projeto se perde facilmente em meio à quantidade de informações se não se atualizar quase que diariamente. Informação é tudo.

Por isso, explico que o objetivo dessa coluna não é criticar, mas sim alertar. A ideia é ótima, globalizada, mas como eu disse há um mês, modernização é fundamental. Fazer enquetes é legal, mas muito pouco. O torcedor quer ter direito a decidir qual ídolo será homenageado, quais atletas farão parte da campanha do Outubro Rosa ou qual frase será usada na faixa do cabelo do Cássio, mas prefere vantagens, descontos e outras participações mais ativas. Sei que houve promessas nesse sentido, mas precisam-se provar.

O torcedor também precisa saber que seu dinheiro estará sempre vinculado a desavisos do mercado financeiro, especialmente de um setor tão volátil como o de criptomoedas, que circula de maneira quase que totalmente indiferente a ações dos clubes.

Com tantas equipes lançando seu fan token, será difícil um ativo se recuperar se não oferecer algo verdadeiramente interessante a seus investidores. Alias, vale lembrar que dono de criptomoeda de clube não é torcedor, mas sim investidor. Não deve haver fanatismo no mercado.

Que o $SCCP se vingue, além das promessas iniciais. Terá estrutura para tanto no amadorismo financeiro que vigora no Brasil? É o que queremos saber.

Veja mais em: Ações de marketing.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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