É um risco financeiro manter Sylvinho para 2022
Opinião de Jorge Freitas
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O Corinthians oficializou a permanência de Sylvinho para a temporada de 2022. Mesmo sob todas as críticas e falhas apresentadas, o treinador permanece blindado pela diretoria, que parece acreditar em um bom trabalho para o próximo ano.
É inegável que o clube alcançou um lugar acima do esperado no início de 2021. Eliminado nas semifinais do Campeonato Paulista e na fase de grupos da Sul-Americana, o Timão, assim que alcançou a primeira metade da tabela, por lá permaneceu, chegou a entrar no G4 e retornou para a quinta colocação, o que rendeu uma posição na fase de grupos da Libertadores do ano que vem.
No entanto, o que parece não chamar a atenção da diretoria é que a quinta colocação no Brasileirão não é mérito do atual treinador. Só terminamos o campeonato entre os cinco por conta de outros fatores, especialmente a chegada de reforços, a volta da torcida e a "desistência" do Brasileirão por times importantes como Red Bull Bragantino e o Athlético-PR. Mesmo com a quarta colocação oferecida, já que o Fortaleza teve claro declínio técnico e chegou a entrar na zona do rebaixamento do returno, o treinador foi incapaz de fazer pontos importantes contra Grêmio, em casa, e Juventude fora (que futebol melancólico), o que custou mais de R$ 1 milhão aos cofres do clube (diferença paga entre o quarto e o quinto colocado).
Portanto, a opção por manter Sylvinho nos dias de hoje é um risco financeiro iminente dentro do clube. Devemos manter um treinador que não consegue ganhar um jogo sem apoio da Fiel Torcida num ano com Libertadores da América? Vale lembrar que até a Chapecoense, lanterna com sobras na competição, beliscou uma vitória fora de casa no returno, enquanto o Corinthians terminou incrivelmente zerado.
Tenho receio de que, para se manter no cargo e ganhar força com a torcida, Sylvinho repita o roteiro do São Paulo no ano passado, que tratou o Paulistão como Copa do Mundo, chegou a poupar jogadores na Libertadores, venceu, mas a custos altos, especialmente de contusão de jogadores, o que resultou num sofrível Brasileirão e eliminação tanto na Copa do Brasil quanto na competição sul-americana.
Com uma dívida altíssima, o Corinthians não pode se dar ao luxo de perder dinheiro por erros técnicos, nem depender exclusivamente da mágica de alguns jogadores, como o chute de Renato Augusto contra o Grêmio, pois estamos novamente vivendo em um constante "match point", para usar o termo do colega Vessoni.
E se cairmos em um grupo difícil na Libertadores? E se no sorteio da Copa do Brasil pegarmos Flamengo ou Atlético-MG, de quem Sylvinho só apanhou no Brasileirão? E se Cássio, em declínio técnico, mas com cadeira cativa entre os 11 do treinador, entregar uma decisão de mata-mata?
Dizer que Sylvinho fez um bom trabalho, como na entrevista coletiva, foi uma grande forçada de barra. Uma simples avaliação seria suficiente para entender que o Corinthians chegou aonde chegou neste ano por conta das contratações e da torcida. A função de Sylvinho foi somente não atrapalhar, algo que ele não conseguiu muito bem.
Seguirá sendo assim em 2022. Vale a pena mantê-lo?
(Veja também Um recado à diretoria: quinto lugar não é mérito de Sylvinho).
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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