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Uma temporada que já apresenta uma evolução nítida e um saldo positivo
Julia Raya

Estagiária do Meu Timão e estudante de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo-SP. Tem 17 anos e é corinthiana há 18. Sempre viveu com o Corinthians e agora trabalha com ele também.

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Uma temporada que já apresenta uma evolução nítida e um saldo positivo

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Uma temporada que já apresenta uma evolução nítida e um saldo positivo

A base feminina do Corinthians tem mostrado importante crescimento ao longo desta temporada

Foto: Rodrigo Gazzanel/ Agência Corinthians

Muitas análises podem ser feitas da atuação da base feminina do Corinthians nessa temporada. Mas nem de perto qualquer ponto levantado pode ser tido como terra arrasada.

Vou começar dizendo que o maior foco desse texto é o Sub-20 por dois motivos: primeiro por ter sido a categoria da qual mais tivemos "amostragem" em campo, já que a participação do Sub-17 no Brasileiro foi breve; segundo porque essa foi a categoria assumida por Thaissan desde seu começo no clube, portanto, é a que tem mais tempo de trabalho com a técnica - e muito desse texto gira em torno da treinadora.

É lógico que mais uma eliminação em semifinal causa tristeza. E essa em especial parece doer mais ainda por conta da evolução no trabalho. Sinceramente, não me recordo de outro momento em que vi as atletas tão preparadas e repletas de confiança quanto agora. Citando aqui a Stefanie, atacante da equipe, "nunca doeu tanto igual tá doendo agora". As próprias atletas têm a noção de que o trabalho evoluiu. Diante de tanto crescimento, mais uma queda machuca. Por isso é uma pena que a vaga na final do Paulista não tenha se concretizado.

Mas como eu disse lá no começo, nada de terra arrasada. Para completar o que foi dito pela Stefanie, "ao mesmo tempo muito feliz com tudo que construímos até aqui". O saldo é positivo. E mais uma vez: as atletas têm noção disso.

É chover no molhado, para quem acompanha a base há mais tempo, falar da qualidade de nomes como Duda Mineira, Julia Brito, Miracatu, Manu Olivan, a própria Stefanie e outros. Por mais que elas tenham crescido nesta temporada, e isso mereça sim destaque, o trabalho da Thaissan nos mostra muito mais nessa base.

Vou aqui, então, levantar três tópicos que, até aqui, eu coloco como os "melhores saldos" dessa temporada - além da evolução dos nomes já citados acima.

O primeiro deles é a aparição da Sabrina Amorim. Sabrina chegou do Fluminense para reforçar o Corinthians nesta temporada e parece que está no clube há anos. Ela não sentiu o "peso da camisa" (o que muitas vezes preocupa), não teve dificuldade de entrosamento com as companheiras de equipe e vem sendo um dos grandes nomes desse Corinthians. Mais que controlar o meio de campo, ela se reveza entre atuações "mais defensivas" quando necessário e atuações que lhe dão liberdade para chegar na área e balançar a rede.

Arrisco dizer que Sabrina foi escolhida a dedo pela própria Thaissan. As duas trabalharam juntas no Fluminense, onde foram campeãs brasileiras Sub-18 em 2020. Thaissan deixou a equipe do Rio em janeiro e Sabrina chegou ao Parque São Jorge pouco depois, em março. A atleta, inclusive, parece ter a confiança da treinadora, já que chegou e não demorou a assumir a titularidade da equipe. Mais que isso, Sabrina já entra também "na mira" da equipe profissional comandada por Arthur Elias, tendo aparecido em algumas oportunidades no banco de reservas.

O segundo ponto que quero ressaltar é a "descoberta" da lateral-direita Lívia. Que grata surpresa foi tê-la na equipe. A atleta está no Corinthians desde os últimos meses de 2021, depois de ter tido uma passagem pelo clube em 2020, mas pouco tinha participado. Lívia teve atuações muito conscientes ao longo do campeonato e consegue dar a solidez defensiva que a lateral corinthiana precisa sem deixar a desejar no ataque. Foram diversas as bolas pelas quais Lívia brigou, na linha lateral e nas linhas de fundo, e as jogadas em que soube se impor e "dominar" a parte do campo disputada. Lívia tem 19 anos e é muito madura. Ela só precisava de alguém que olhasse para ela com o cuidado que a Thaissan olhou e a orientasse da melhor maneira. Afinal, trabalho de base é formação de atletas acima de tudo - e aqui vai mais uma "vitória" do trabalho da treinadora.

Por fim, o terceiro ponto. Thaissan tem ajudado o Corinthians a vencer seu principal adversário desde a criação das categorias de base: o fator psicológico.

No meu ponto de vista, o maior adversário da base feminina do Corinthians sempre foi o emocional. Quando a situação era delicada dentro de um jogo (seja por uma expulsão, empate, uma derrota ou uma eliminação que se aproximava), era nítido que as meninas se abalavam em campo. O emocional pesava, as atletas se desconcentravam e as coisas desandavam.

O problema foi 100% corrigido? Não - afinal, é um processo que demanda tempo. E isso ficou claro no segundo jogo da semifinal contra o São Paulo. Mas, no primeiro jogo e em todos os outros da competição, ficou claro como esse foi um ponto de evolução da equipe.

Contra Ferroviária e Santos, as outras duas equipes que mais proporcionaram dificuldade para o Corinthians na competição, as Brabinhas souberam controlar o emocional. O time de Araraquara ofereceu ao Timão um placar adverso e a equipe da Baixada um empate sem gols, mas em ambos os jogos vimos em campo um Corinthians consciente de todas as ações. Na primeira semifinal, o cenário se repetiu: os minutos finais de jogo foram se aproximando e a concentração foi mantida ao ponto de ser possível abrir o placar e garantir a vitória aos 41 minutos do segundo tempo.

No segundo jogo, o emocional foi um pouco mais abalado. O Corinthians, diferente do que se imaginava ver pelo apresentado na última temporada, não teve "medo" e não entrou em campo acuado. Entrou buscando jogo e até abriu o placar. Sofreu o empate, mas teve calma para buscar o segundo gol e uma nova vantagem. Sofreu o empate de novo e ainda conseguiu ter as coisas sob controle. Mas nos minutos finais, cedeu e perdeu para si mesmo. Aqui, que fique claro, sem tirar os méritos do São Paulo. Mas foi um Corinthians que perdeu para seu maior adversário, o psicológico, e acabou perdendo em campo também.

Enfim, o fator psicológico ainda é um que precisa de atenção especial. Precisa ser amadurecido. Mas claramente é um ponto de evolução desse time desde o começo da temporada.

O trabalho da Thaissan (e aqui, claro, incluo toda sua comissão técnica) está surtindo efeito. Quem acompanha a base vê isso. As atletas veem isso. O grupo nitidamente está unido e "comprou" a proposta de trabalho da treinadora, que devolve carinho, cuidado, dedicação e atenção às meninas. Thaissan foi um acerto do Corinthians para que a base feminina pudesse se acertar.


E o ano ainda não acabou! O Corinthians ainda tem pela frente a disputa do Paulista Feminino Sub-17, também sob o comando de Thaissan. Algumas meninas que vimos em campo com o Sub-20 poder atuar pela categoria mais nova e devem aparecer nesta competição também.

Veja mais em: Corinthians Feminino, Base do Corinthians e Corinthians Sub-20.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Julia Raya

Estagiária do Meu Timão e estudante de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo-SP. Tem 17 anos e é corinthiana há 18. Sempre viveu com o Corinthians e agora trabalha com ele também.

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