Cuidado! É proibido criticar o Fagner
Opinião de Juliano Barreto
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Fagner tem mais de 500 jogos com a camisa alvinegra, foi tricampeão paulista e duas vezes campeão brasileiro. O lateral também fez parte do elenco da Seleção Brasileira na Copa de 2018. Todo corinthiano sabe disso e é grato pelos serviços prestados, mas, tem mais um detalhe sobre o jogador: ninguém pode criticá-lo.
Técnicos, jornalistas, torcedores, todos estão sempre errados. Fagner jamais faz jogos abaixo da média ou fica sumido por vários jogos sem ninguém saber bem porque. Ele também nunca deixa buracos na defesa ou faz faltas desnecessárias. Cartões bobos em jogos decisivos? Claro que não! Veterano e experiente, o ala sempre está com a cabeça fria nas cobranças de pênaltis e lidera o elenco nos momentos difíceis. Dá exemplo aos mais jovens.
Quando há crise, ele nunca aumenta a pressão em cima do técnico! Quando o time precisa de reforços, ele não poupa a diretoria de críticas. Afinal, ele não é amiguinho do Duílio, do Alessandro e de outros grandes dirigentes que só fazem o bem para o Corinthians.
Tem gente desinformada que lembra do Fagner sendo expulso, tomando canseira de jogadores de terceira divisão, ou cruzando bolas que vão parar na lateral do outro lado do campo. A coisa chega até ao absurdo de dizer que o jogador, de 34 anos, está ficando lento.
Quem diz isso são os invejosos, os desrespeitosos e aqueles que não sabem o que se passa dentro do Corinthians. Não respeitam a história! Porque se você jogou bem seis anos atrás, é totalmente OK ficar de férias eternas. Não importa quantos vexames o Corinthians sofra, o mais importante é que o Fagner sempre dá a “volta por cima” quando faz um jogo bom. Para um jogador profissional, dar assistências, fazer gols ou ajudar na defesa é parte do trabalho, uma obrigação. Para Fagner é a prova de que ele é perfeito e que numerosos erros no passado recente têm que ser esquecidos imediatamente. Um jogo bom no Campeonato Paulista contra um time semi-amador e pronto, calou os críticos e justificou seu salário altíssimo.
Talvez por tudo isso, a diretoria jamais se incomoda em contratar um reserva com um pingo de capacidade. Basicamente todos os laterais-direitos que passaram pelo Timão nos últimos oito anos eram meros aprendizes, vindos de times sem expressão, em fim de carreira ou com credenciais ridículas. Acho que a ideia era deixá-los absorver magicamente toda a maestria de Fagner para, de vez em quando, entrar em campo. De vez em quando, porque está no Estatuto do Corinthians que o Fagner não pode ficar no banco. Treinadores que desobedeceram essa ordem tiveram suas trajetórias no Corinthians abreviadas.
Afinal, não se pode criticar o Fagner, ou os amigos do Fagner. Do jeito que a coisa vai, quando o ala decidir se aposentar o clube deverá mudar de nome e se chamar Sport Clube Fagner Paulista. O problema é que ninguém sabe a data. Ele é dono da lateral e ninguém pode sequer pensar em tirar ele de lá.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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