Se não houvesse problemas, o Corinthians não teria passado pelo vexame de ser eliminado pelo Ituano. Os memes sobre Fernando "ar-condicionado" Lázaro ganharam as redes sociais tanto entre torcedores rivais quanto entre corinthianos revoltados com o técnico. Mas o climão de verdade é outro.

Há duas semanas escrevi aqui uma coluna intitulada "Porque Lázaro tem voto de confiança no Corinthians e qual o problema pra 2023". Nela explico porque acho o trabalho de Fernando Lázaro bom pra além das piadas sobre o clima mais leve no CT Joaquim Grava, potencializando a maioria dos jogadores do elenco corinthiano e tentando revolucionar a forma de jogar desse elenco nos primeiros dois meses da temporada.

E esses "primeiros dois meses" são parte importante da análise pra entender o que se passa com o Corinthians.

Pra efeito de comparação: o Palmeiras, um dia antes, também em casa, teve um jogo enroscado de quartas de final. Jogos enroscados acontecem. A grande diferença? Quase sempre o arquirrival consegue superar esses perrengues que aparecem pela frente porque é um time formado há três anos e portanto equilibrado defensiva e ofensivamente e à vontade em mata-mata. É o oposto do Corinthians.

Por isso me incomoda a culpa cair majoritariamente nas costas de Lázaro. Ele erra? Lógico. Acho que Fausto deveria ter sido titular ontem e as substituições tinham de ter acontecido mais cedo. Mas é um time em formação, que tem desenvolvido mecanismos de ataque completamente diferentes do "legado" deixado pelo antecessor e consequentemente um novo jeito de se defender também - pra não alongar essa coluna, na próxima escreverei sobre essas diferentes formas de atacar e defender no Corinthians de Renato Augusto, Paulinho & cia e seus problemas e suas virtudes.

Retomando: o principal diferencial de um time é a continuidade de trabalho, e aí a solução no Corinthians será trocar de técnico depois de dois meses? Para o próximo tentar de novo começar do zero? Parece mais lógico esperar pra ver se os novos mecanismos vão se solidificar ou esfarelar - o que eu particularmente não consigo concluir depois de apenas 12 jogos.

Mas lógico que os torcedores estamos p**** e com razão de estarmos. É positivo chegar a uma final de Copa do Brasil ou jogar melhor que o arquirrival no mais recente clássico? Sim. E são indicativos de que não está tudo errado com elenco e técnico. Mas também é insuportável o acúmulo de frustrações, como perder o título nos pênaltis, deixar escapar a vitória no Dérbi ou agora esse vexame histórico para o pior classificado das quartas do Estadual demorando pra encaixar no jogo, vacilando na defesa e perdendo um caminhão de gols (inclusive em pênaltis de novo). É corretíssimo cobrar também resultados.

E aí é Duilio Monteiro Alves o primeiro presidente em 35 anos de Corinthians a possivelmente terminar um mandato sem conquistar um título sequer. E tendo apostado em quatro técnicos diferentes em pouco mais de dois anos até aqui.

Na minha opinião, é sobre o presidente do clube que cai a maior parcela de responsabilidade - o presidente e sua dificuldade em consertar a montagem de elenco e o sucateamento das categorias de base quase criminosos deixados pelo triênio anterior, quando era ele o diretor de futebol de Andrés Sanchez. Esse sim é o verdadeiro climão que não seria resolvido nem pelo melhor ar-condicionado e tenho até dúvida se pelo melhor dos técnicos também.

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