Corinthians comprou um barulho que não era dele e é hora de reconhecer o erro
Opinião de Tomás Rosolino
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O Corinthians abriu mão de um estilo consolidado de jogo, que fazia grandes partidas, vencia jogos e ganhava títulos. Por mais de uma década, o Timão teve o que todo clube brasileiro procura: uma identidade. Abriu mão disso por uma série de fatores, incluindo uma pressão externa, e é hora de reconhecer esse erro.
Não, o futebol jogado por Fábio Carille não era gostoso de se ver em 2019. O Corinthians foi campeão jogando mal, avançou até a semifinal da Sul-Americana e passou o primeiro turno do Brasileiro brigando pela liderança, mas não agradava o torcedor. Escrevi sobre isso e diagnostiquei que o clube estava próximo de algum vexame histórico se aquilo continuasse.
O problema foi a versão oficial de que aquele Corinthians de 2019 simbolizava o estilo vencedor criado em 2008, concretizando uma tradição histórica de um jogo menos rebuscado e mais direto, com muita entrega dos jogadores. O clube comprou esse barulho e foi a fundo em uma "mudança de filosofia" que não se justifica.
É muito mais difícil fazer um clube grande jogar para frente, inspirando-se em máquinas como o Manchester City e o Bayern de Munique, ainda mais sem o dinheiro necessário para tal. Não era hora disso no Corinthians com tantos problemas extra-campo.
O Corinthians, com muito menos investimentos do que cinco anos atrás, resolveu que era hora de abrir mão da sua organização defensiva para praticar um futebol vistoso, num misto de pressão da própria torcida e de seguidos julgamentos midiáticos de que aquele futebol vencedor não era "digno". O erro é claro.
Com uma péssima campanha no Brasileiro até aqui e um elenco pra lá de razoável, com atletas de Seleção e jovens promissores, parece claro para mim que o Corinthians necessita apenas de organização em campo para ficar em uma posição digna na tabela. Comparações com 2007 são naturais pelo péssimo momento financeiro e a troca de treinadores, mas esse time é incomparavelmente superior a aquele.
Vejo em Coelho o desejo de mandar a campo um Corinthians mais corinthiano e aprovo a ideia. Organizado e dando menos espaço aos adversários, que parecem sempre jogar bem contra o Alvinegro, a subida é inevitável. Falta, porém, admitir o erro nas mudanças e na montagem desproporcional do elenco, arrumar as coisas e seguir em frente.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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