Vampeta, Rincón, Marcelinho e Ricardinho - uma ode aos melhores
Opinião de Tomás Rosolino
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O Corinthians perdeu um dos maiores e melhores jogadores da história na madrugada desta quinta-feira e, para este colunista na casa dos 30 anos que vos escreve, viu partir um pedaço de uma das passagens mais vitoriosas dos seus 112 anos. Essa coluna é uma ode a Freddy Rincón e ao quarteto inesquecível que ele formou no meio-campo corinthiano entre 1998 e 2000.
Pode parecer estranho para quem pensa que aquela final do Mundial durante as férias escolares foi outro dia, em 2000, mas é um fato que pessoas já formadas na faculdade e possivelmente até pais de crianças nunca nem sonharam em ver o quarteto formado por Vampeta, Rincón, Marcelinho e Ricardinho em ação. Pois bem, aquele último 15 de janeiro do milênio foi a despedida em campo - coroada com a merecida glória máxima do nosso futebol.
Falo com tranquilidade que esse foi o melhor meio-campo da história do Corinthians, principalmente porque, antes da década de 80, dificilmente mais de dois jogadores eram tidos como meio-campistas. Na história recente, Ralf, Paulinho, Alex e Danilo que me perdoem, não há comparação. E tenho dúvidas sobre qual meio da história mundial estaria acima do quarteto corinthiano.
Fissurado em documentar a história que passa de boca em boca em cada rincão onde há um amante do futebol, especialmente um corinthiano, me dediquei há um tempo a documentar todos os jogos em que os quatro estiveram juntos ao mesmo tempo. E a história é tão mágica que merecia livro, documentário e tudo mais o que você imaginar para honrar o tamanho do que fizeram juntos.
O primeiro jogo já é uma síntese do poderio da equipe: Atlético-MG 1 x 5 Corinthians no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro de 1998. Luxemburgo não tinha Gilmar e Amaral, machucados, e acabou apostando em um recém-chegado Ricardinho para o jogo, com sucesso absoluto para os alvinegros.
A maior linha média da história do Sport Club Corinthians Paulista pic.twitter.com/LZhxCOINgp
— Luan Araujo (@luanaraujo90) April 14, 2022
A iniciativa demorou a ser realidade constante no Corinthians, aparecendo de vez em quando durante aquele ano. No jogo mais importante, porém, lá estavam novamente os quatro para derrotar o Cruzeiro por 2 a 0 e assegurar o segundo título do torneio nacional para o clube do Parque São Jorge.
A formação seguiu esporádica no primeiro semestre de 1999, até que um novo 5 a 1, dessa vez sobre o Santos, indicou que esse era o caminho. Dali o time goleou o São Paulo por 4 a 0, na semifinal do Paulista, e bateu o Palmeiras por 3 a 0 na final, assegurando mais um grande título para a galeria.
Mesmo atrapalhados por lesões e suspensões, o quarteto foi titular em 15 das 29 partidas do clube, incluindo dois dos confrontos decisivos contra o Atlético-MG, fechando o bicampeonato com um empate sem gols no Morumbi.
Por ironia do destino, o único torneio jogado de cabo a rabo com os quatro sendo titulares foi justamente o Mundial, uma ode ao que aquele quarteto era capaz de fazer em campo. Na decisão, mesmo esgotados após uma temporada de 80 jogos, com Vampeta, Rincón e Ricardinho jogando no sacrifício, o time bateu a grande equipe do Vasco nos pênaltis. O capitão Rincón, como sempre, estava lá para converter a sua penalidade.
Foi justamente a saída do colombiano, que não renovou seu contrato, o motivo para que o quarteto nunca mais atuasse junto. Houve protestos, gritos de mercenário, cédulas com a cara de Rincón. O destino, porém, dá total razão ao craque: a última imagem dos quatro juntos tinha que ser no auge do futebol de clubes.
A morte de Freddy Eusebio deixa tristeza e um tripé agora incompleto para quem não consegue parar de pronunciar os nomes até fechar aquele meio-campo, na ordem correta (direita-esquerda-direita-esquerda). Cabe a nós, porém, contar essa história a quem não pôde vivê-la.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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