O dia em que Bill Russell enfrentou o Corinthians no Pacaembu
Opinião de Tomás Rosolino
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Bill Russell, lenda do basquete mundial e um dos maiores jogadores de todos os tempos, morreu no último domingo nos Estados Unidos, colocando fim à vida de um dos maiores ícones do esporte produzidos pela NBA. O maior vencedor da história do esporte estadunidense, porém, não brilhou apenas na parte norte do continente.
O ano era 1956 e o time do San Francisco Dons, base da seleção masculina de basquete e bicampeão universitário, fez uma excursão ao Brasil. Em uma época de viagens mais complicadas e informação correndo com muito mais dificuldade do que hoje, os jovens vieram ao país para dar show e medir forças contra alguns times locais. É aí que entra o Corinthians na história.
Deixo aqui desde já um agradecimento ao Leandro Stein, da Trivela, que fez a lembrança tanto em seu Twitter quanto no site em que trabalha. Foi por ela que me aprofundei na pesquisa para saber dessa grande passagem do basquete corinthiano.
No dia 27 de julho, os jovens estrangeiros mediram forças pela primeira vez em solo brasileiro. O duelo foi contra o Timão, às 20h30, no ginásio do Pacaembu, à época a praça de esportes cobertos mais badalada do país. Era o pentacampeão paulista diante dos bicampeões universitários.
Ainda que a láurea de duas vezes vencedor na NCAA (liga americana universitária) seja grande, cresce ainda mais o tamanho da partida ao se analisar os presentes. Bill Russell é tão gigante que o troféu entregue ao melhor jogador das finais da NBA leva o seu nome desde 2009. Seus 11 títulos do principal campeonato de basquete do mundo seguem muito acima de qualquer outro.
Além dele, no entanto, formava parte da equipe KC Jones, outro membro do hall da fama do basquete e oito vezes campeão da NBA. Os dois estariam presentes na campanha dos EUA nas Olimpíadas de Melbourne, em dezembro daquele ano, assegurando a medalha de ouro.
A atração rendeu ginásio lotado e um Corinthians entusiasmado para tentar fazer frente ao ótimo time adversário. Depois de um placar equilibrado na primeira metade (29 a 26 a favor dos visitantes), porém, a maior qualidade dos rivais acabou por fazer a diferença. O resultado final foi um honroso 76 a 59 para os adversários - no dia seguinte, a seleção paulista perderia por 76 a 58.
Bill Russell, chamado pelo nome completo de William Russell em alguns registros, foi disparadamente o nome mais elogiado. Sua capacidade de fazer os adversários mudar o arremesso e proteger o garrafão foi citada por A Gazeta Esportiva, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo em mais de uma ocasião, mesmo no mais breve dos relatos.
O maior pontuador da peleja foi Warren Baxter, com 22 pontos, enquanto o destaque corinthiano, na avaliação dos repórteres, foi Angelim, com 14 - o maior pontuador, no entanto, foi Miltinho, com 15. Não houve registro de rebotes e assistências, algo comum nos tempos de hoje.
Os americanos, bastante aplaudidos pelo público, seguiram em São Paulo por mais três dias, encarando, além da seleção paulista, a seleção universitária de SP - diferentemente dos outros dois jogos, o embate contra os também universitários foi no Tênis Clube Paulista, na região central da cidade.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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