Corinthians conseguiu ser o único a piorar o elenco e a conta vai chegando
Opinião de Tomás Rosolino
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O Corinthians tem tudo para não conseguir nada de relevante em 2023 e, no pior cenário, ainda pagar uma conta amarga em 2024, fora até da Copa do Brasil. O projeto do presidente Duilio Monteiro Alves desde o início do Campeonato Brasileiro, porém, não merecia resultar em nada além do que temos visto recentemente.
Vou aproveitar que ainda estamos no segundo parágrafo e dizer que a Copa Sul-Americana é um titulo possível e seria de total mérito do treinador e do elenco que sobrou no clube, sem que a diretoria merecesse créditos. Luxemburgo, que merece várias críticas pelo pobre futebol apresentado, tem lançado uma série de jovens e se virado mesmo com a reta final do mandato do Duilio esfacelando suas opções.
Em conversa no Twitter, fui alertado que o Corinthians é o único dos 20 clubes da Série A que piorou o elenco desde a primeira rodada. E o amigo Caio tem total razão. Saíram Balbuena, Du Queiroz, Adson, Róger Guedes e Barletta, Cantillo foi escanteado e Murillo está prestes a ser negociado. Chegaram Lucas Veríssimo e Matías Rojas. A matemática básica já deixa evidente, saldo de -5.
Mas não precisamos ir muito longe. Há pouco menos de um mês, no dia 29 de julho, o Corinthians vencia o Vasco por 3 a 1, se afastava da zona de rebaixamento e carregava uma vitória no jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil, contra o São Paulo. Desde então, porém, os movimentos da diretoria foram praticamente para impedir que uma segunda final seguida do torneio chegasse:
- Aceitou uma proposta pouco relevante para o clube por Róger Guedes, sob a desculpa de um acordo anterior com o atleta. A oferta rendeu 4 milhõs de euros ao Timão - valor que mal paga um mês de salários do elenco;
- Fora do controle corinthiano, mas com grande contraste: o São Paulo fez suas duas maiores contratações dos últimos anos no período e tratou a volta como uma decisão. Uma diferença absurda de ação dos comandos de cada clube;
- Duas semanas depois de dizer que não tinha interesse em vender outro jogador, aceitou uma proposta de 5 milhões de euros pelo meia Adson, perdendo um titular para o modestíssimo Nantes, da França. Mais um valor que mal paga um mês de salários do clube;
- Pouco depois, acertou a venda de Murillo ao Nottingham Forest, que deve ser anunciada nesta semana. Dessa vez uma boa proposta, de 12 milhões de euros, mas que vira algo ainda pior no contexto atual. Sim, é a venda mais cara de um zagueiro do futebol brasileiro, mas só porque, por exemplo, o Palmeiras só aceita negociar Gustavo Gómez pelo valor da multa rescisória (50 milhões de euros). Mentalidades e momentos muito diferentes.
Não é um mistério a causa de o Corinthians, que já não encantava, ter piorado tanto em três dos quatro últimos jogos. Nem o Manchester City manteria um nível bom de atuação perdendo seu artilheiro da temporada, um titular da armação e o seu melhor defensor. O Corinthians, então, obviamente degringolou o que já não empolgava.
Vale lembrar que o Corinthians aceitou uma oferta de 9 milhões de euros pelo atacante Pedro, o melhor atleta da sua base nos últimos anos, que tinha a expectativa de render a maior venda da história alvinegra - passou longe disso. Além do valor bem abaixo da média de outras promessas brasileiras, o torcedor ainda teve que ver Duilio agradecendo ao Zenit por fazer a limpa nos jovens promissores corinthianos. Isso mesmo.
"Ah, mas a janela fechou, como ia contratar?". Fico com essa entrevista pós-venda do Pedro, quando Alessandro admite, no dia 29 de junho, que o Corinthians precisava vender mais atletas. Antes da abertura da janela. Ou seja, com muito tempo para planejar possíveis perdas.
O discurso do gerente de futebol Alessandro, aliás, mudou nos últimos meses em relação a todo o mandato, reforçando uma situação financeira "complicada" do Corinthians. O mesmo clube que manteve a comissão técnica mais cara da sua história em 2022, vendeu bem um zagueiro e repós imediatamente com Balbuena, além de buscar Yuri Alberto para "resolver" o problema do ataque.
Das duas, uma: ou o Corinthians foi muito irresponsável em 2022, gastando o que não tinha, ou o Corinthians faz a pior gestão de elenco em uma temporada desde 2016, com o desmanche do time campeão brasileiro somado à saída de Tite. Como o próprio Alessandro diz, a dívida não surgiu nessa gestão, era mais ou menos a mesma em 2022 e 2023.
Sei que muitos vão interpretar a coluna como uma espécie de defesa do trabalho de Luxemburgo e, por isso, afirmo que eu acho ruim na média final, rondando a nota 5.
Não se pode negar, porém, que o treinador serviu como escudo para todos os problemas citados, nunca reclamou e tem lançado jovens sequencialmente no profissional - todos, sem exceção, já estavam por aí quando o badalado Vítor Pereira comandava a equipe.
O Corinthians, por vezes, dói os olhos quando está em campo, qualquer um que assiste sabe disso. Angustiante em dados momentos. Mas essa conta não é apenas do comandante no banco de reservas. Para mim, aliás, a porcentagem dele é minoritária.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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