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Só o dinheiro não faz história
Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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Só o dinheiro não faz história

O debate que surgiu esta semana no Corinthians é se vale a pena ou não vender o Pedrinho

Foto: Danilo Fernandes/ Meu Timão

O debate que surgiu esta semana no Corinthians é se vale a pena vender o Pedrinho e montar um supertime com a sua suposta venda, ou é melhor deixar ele aqui e fazê-lo liderar uma equipe, como estandarte do time deste ano. Sou a favor da segunda opção.

Nas discussões que tenho acompanhado sobre futebol nos últimos tempos, consigo identificar dois tipos diferentes de ideários.

O primeiro deles é os do que acham que o futebol virou só negócio, “bízniz” como diria Mario Gobbi, a ideia de que vale tudo por dinheiro, e que o dinheiro ganha tudo. Por exemplo, um amigo chegou a dizer que o Bragantino é um dos favoritos pro Paulistão, porque seu nível de investimento é enorme, e não lembro disso pra criticá-lo, porque muita gente pensa como ele. Não o critico, mas sinceramente, não creio que, especialmente no futebol, só a vantagem financeira ganhe títulos, já que abundam exemplos nacionais e mundiais de clubes que perderam tudo gastando muito, e também há os que gastam pouco e ganham seus trofeuzinhos.

Em seu passado recente, o Corinthians pode ser exemplo das duas máximas acima. O clube já teve mega investimentos do Banco Econômico, no final dos Anos 90, e da HMTF no começo dos 2000. Ambos trouxeram títulos, mas também deixaram dívidas enormes para o clube, e terminaram, principalmente, em frustração. Nos dois casos, o Corinthians buscou financiamento para sustentar times capazes de conquistar o título-fetiche da Copa Libertadores, e ele não chegou. E, no caso do HMTF, a situação financeira deixada após a saída dos investidores foi um dos problemas que nos levou à Segunda Divisão, pouco tempo depois.

Porém, também tivemos vários exemplos, nas últimas décadas, de times que conquistaram muito sem tanto investimento. E aí chegamos ao outro ideário que temos em nossos debates futebolísticos, de que o dinheiro não é tudo, e pelo qual eu estou mais inclinado.

Se pegarmos os momentos mais gloriosos do Corinthians neste século atual, a maioria aconteceu em períodos não tão favoráveis economicamente. Por exemplo, os títulos do Paulistão de 2001 e 2003, o Rio São-Paulo e a Copa do Brasil de 2002, tudo isso foi conquistado com os resquícios do acordo do Econômico – cujo financiamento sim nos rendeu 2 Brasileiros, 1 Mundial e o Paulistão das embaixadinhas – e antes da chegada do HMTF – que só nos trouxe o Brasileirão do Tévez, em 2005.

Quando esteve sem tanto dinheiro, o Corinthians parece que soube se virar melhor. Ao menos depois do desastre de 2007.

O time de 2009, por exemplo, tinha pouco investimento, e decidiu fazer um só, jogou todas as fichas no retorno do Ronaldo, como único reforço de uma equipe que acabava de subir pra Primeira Divisão, mas a aposta deu certo. Três anos depois, e ainda sem muitos investimentos, ganhamos finalmente a Copa Libertadores, com um time que começou a temporada, modesto e desacreditado, longe do otimismo de times anteriores, mais caros, mas que terminaram perdendo no final.

Com aquele título e os prêmios que recebemos, voltamos a gastar com mais ousadia. Trouxemos Guerrero, que nos deu o bi mundial, e Renato Augusto, que só daria certo dois anos depois. Mas onde gastamos forte mesmo foi com Alexandre Pato, uma lagoa de dinheiro jogada fora em um sujeito que é mais modelinho de passarela que jogador de futebol.

O supertime de 2015 parece ser um esquadrão, mas quem lembra como começou aquele trabalho recordará que ele era o resquício de um pequeno desmanche ocorrido em maio de 2015 – do qual saíram Guerrero e Émerson Sheik, entre outros.

Em 2017, outro ano de vacas magras, chegamos a ser chamados de “quarta força”, e a razão desse apelido era justamente a incapacidade de trazer reforços de peso.

E finalmente chegamos em 2020. Se compararmos a relação valores e expectativas criadas em janeiro, o time deste ano está melhor que, por exemplo, os de 2009 e 2012, sem falar no de 2017. O problema é que aqueles não tinham uma disparidade tão grande quanto os elencos mais caros do país, como são hoje Flamengo e Palmeiras, que contratam jogadores a preço de ouro para serem reservas. E, claro, isso causa preocupação.

O começo de Tiago Nunes no Corinthians está sendo interessante, mas é evidente que faltam peças para que essa engrenagem funcione como deveria. E acho que, ao menos nos setores de criação e ataque, essa peça é o Pedrinho. Queria muito ver um meio campo com Cantillo, Luan e Pedrinho, unindo precisão nos passes, dribles, velocidade e criatividade. Um time com maior poder letal, aquilo que não tivemos nos últimos três anos, que só seria possível, creio eu, se tivermos essas três peças no time titular.

Vender o Pedrinho agora significa não ter um Pedrinho pra completar essa equipe, e não dá pra se iludir achando que “é só comprar outro no mercado”, não tem outro Pedrinho no mercado.

O Corinthians não vai ficar pra sempre com o Pedrinho. Se ele não sair este ano, sairá no ano que vem. A questão é se ele vai ficar no clube tempo suficiente pra fazer história, e se fizer história, sairá por muito mais grana que essa oferecida pelo Benfica e pelo Borussia Dortmund, o que será muito melhor pra ele mesmo, e pro clube.

Veja mais em: Pedrinho e Mercado da bola.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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    Rodolfo 75 comentários

    @rodolfo.duarte.marti em

    Só esqueceu de analisar um ponto!
    E se ele fica e novamente não tem um bom ano, que fique oscilando assim como anos anteriores... Ele já está com 22 anos. Os grandes times europeus cada vez mais, querem jogadores bem novos, olha aí Reinier, Vinicius Jr, Rodrigo, Matheus Henrique, David Neris... Todos saíram bem novos. Então sim, se o Pedrinho fica e arrebenta, pode sair ano que vem, por mais dinheiro. Mas se fica e novamente tem um ano irregular, aí então no ano que vem a proposta cai de 20 para 10 e o clube ao invés de ser de Portugal, será da Ucrânia!

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    Paredes 2734 comentários

    @paredes em

    É muito arriscado segurar jogador por muito tempo esperando uma proposta maior.

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    75º. @dino.plenpop em

    Acredito em escolhas certas, muito mais que meros nomes, vejam nosso arquirrival, que desde que arrumou um patrocínio forte, todas as vezes só apostam em jogadores de nome, e nos apesar das dificuldades, muitas, alias, somos literalmente apostadores em jogadores desconhecidos, mas que uma vez, bem avaliados, eles se encaixam e nesta última década, nos fez os maiores vencedores, agora o que o Flamengo esta fazendo e esbanjar, e não deixar seus rivais se fortalecerem, operação arriscada que já fez o arquirrival, e se quebrou, jogando duas series B, quem viver vera, vamos nos, na toada de sempre, e deixar os rivais torrarem dinheiro, que um dia a coisa desanda. Sou a favor da venda, pois oportunidade de negócio não se perde, e uma vez bem investido o dinheiro de Pedrinho, nos possibiltara, entrarmos nos campeonatos em condição melhor.

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    74º. @everton.aparecido.da em

    Alguns problemas da venda de jogadores do Corinthians é o "Andrés Dualib Sanchez"

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    Pedro 471 comentários

    73º. @pedro.goncalves19 em

    Lindo o que foi escrito, mas os números do Pedrinho são Pífios para um camisa 10 do Corinthians.

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    Michel 264 comentários

    72º. @michel.moura.de.carv em

    Puxa amigo não tenho essa visão, Pedrinho só tem nome e empresário ótimo, pouco futebol (inclusive mostrado até hoje) por estar em seleção etc etc, volta história do empresário, temos que comprar um caminhão de caixa de foguete se o Benfica pagar todo esse valor por ele, outra coisa manda o Pedro Henrique e o Richard de brinde, *Compre um, leve Dois* #PAS

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    Giuseppe 776 comentários

    71º. @wellington.lima22 em

    Montar que supertime Victor? Corinthians devendo o que deve hoje é mais fácil esse dinheiro ir parar no bolso de Andrés e cia do que investir em futebol.