Meu Timão

Tão logo saiu o primeiro gol do Cuiabá, pipocaram os comentários culpando Cássio por não ter pego um foguete com curva no ângulo, e ofensas a Gabriel por não ter marcado a frente da zaga. Ora! Se ele é o único volante de oficio, era ele quem deveria estar ali na frente da zaga, certo? Não. Futebol não é pebolim. Existem movimentações o tempo todo.

Quando João Lucas, que é chamado de Jenison pelo narrador, recebe a bola lá colado na lateral direita, diante de Piton já muito distante para o meu gosto, é possível ver que Camilo, o camisa 7 deles, faz a infiltração e é CORRETAMENTE seguido por... Gabriel. Se o nosso 5 fosse pra frente da área, como o povo daqui queria, só bateria com Giuliano, que já estava ali. E pior, daria a opção de passe pra que Camilo saísse de cara para o gol, no mano com João, pois Gil havia saído da área acompanhando o Jenison de verdade.

Visto que não tinha mais o passe agudo na infiltração, João segue caminhando para o centro, seguido por Piton, que continua sem dar o bote. É quando o lateral direito deles tenta o passe no 11, Rafael Gava, que Piton faz o corte parcial, então a bola rebate e vai pra Renato Augusto, que passou todo o primeiro tempo tão mole quanto suas pernas nesse lance. Ele demora pra fechar o cerco, vai lento e frouxo na dobra da marcação e é justamente por conta desta combinação de bondades de Piton e Renato que a pelota sobra pra Pepê, que acerta um chute kardecista no ângulo e faz o gol da vida dele.

Pausando no minuto 1:08 do vídeo é possível ainda observar que Fagner resolve avançar tardiamente. Até então vinha parado observando o lance numa linha de defesa que não marcava ninguém nem impedia coisa alguma. Não só ele como GP. Ambos marcavam ninguém, e durante TODA a jogada Pepê esteve completamente LIVRE.

O detalhe tragicômico é que se puserem com 0.25 da velocidade do vídeo, notarão que Fagner chega no lance por cima, mirando muito mais o tornozelo do adversário do que o chute. Hehehe

O quebra-cabeça de Sylvinho está ilustrado neste lance. É cristalino que Giuliano e Renato não marcam com a intensidade devida. Não é natural deles. E como vimos, não dá pra exigir onipresença de um único volante. Como fazer então? Cantillo? Estamos falando de proteção. O gringo não é uma sumidade no assunto. Ele e Giuliano marcando quase se equivalem. Ao meu ver, seria a hora de Xavier, pois Gabriel não vive uma boa fase, ainda que consideremos o que ele pode entregar, que já não é muito. Mas daí a culpá-lo por tudo, e até por este lance? Não. Ele não teve culpa alguma no gol dos caras.