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A verdade sobre os campeões do fax
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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A verdade sobre os campeões do fax

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Opinião de Walter Falceta

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A verdade sobre os campeões do fax

'Máquina' de campeões

Foto: Arte: Walter F. Jr.

Frequentemente, os amigos leitores me solicitam informações sobre os títulos obtidos "por fax" pelo rivais Palmeiras e Santos. Segue aqui um histórico. Vai ser útil para aquela sua postagem na Internet, aquele debate em família e aquela boa conversa de bar.

No fim de 2015, a redes sociais foram inundadas de textos que procuravam estabelecer palestrinos e peixeiros como os maiores vencedores do certame brasileiro.

Cada uma teria oito títulos da competição. A soma deriva da chamada "unificação de títulos", solicitada pelo polêmico "historiador" santista Odir Cunha e concedida, em 2010, pelo ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Cabe, no entanto, uma visita histórica a esses torneios. Vamos lá?

O Palmeiras obteve seu primeiro em 1960, em competição oficialmente denominada Taça Brasil, semelhante à atual Copa do Brasil.

O objetivo principal era indicar um representante brasileiro para a Copa Libertadores de América, cuja segunda edição se daria em 1961.

O Palmeiras sagrou-se campeão depois de disputar apenas quatro jogos, dois deles contra o Fluminense e dois contra o Fortaleza.

Cabe lembrar que, na Taça Brasil, determinados clubes, por uma razão ou outra, entravam no certame em fases adiantadas.

No caso de 1960, os campeões dos Estados de São Paulo (Palmeiras) e Pernambuco (Santa Cruz) ingressaram diretamente na fase final. Estranho, não é?

Razão: São Paulo e Pernambuco tinham sido finalistas do Brasileiro de seleções estaduais de 1959.

Em 1961, o campeão paulista, Santos, entrou na competição a partir da semifinal. Tornou-se campeão depois de apenas cinco jogos, três deles contra o América (RJ) e dois contra o Bahia.

No ano seguinte, o Santos novamente ingressa diretamente nas semifinais. Sagra-se campeão em apenas cinco partidas, duas contra o Sport e três contra o Botafogo.

O modelo se repete em 1963. O Santos enfrenta apenas dois adversários para obter o tricampeonato. São duas partidas contra o Grêmio e duas contra o Bahia. Você, leitor, pode ver agora o grau de dificuldade dos “títulos do fax”.

Em 1964, sua trajetória é mais complicada. Precisa de seis jogos para conquistar o tetra: dois contra o Atlético MG, dois contra o Palmeiras e dois contra o Flamengo.

Apenas mais quatro jogos, dois contra o Palmeiras e dois contra o Vasco, lhe deram o penta.

Estranhamente, o Palmeiras conquista o bi e o tri em um mesmo ano: 1967. Como? Dois “brasileiros” no mesmo ano?!

Explica-se. Naquele ano, as federações de São Paulo e Rio de Janeiro resolveram engordar o torneio Rio-S. Paulo.

Assim, criaram o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (denominação que homenageava um ex-goleiro do São Paulo, depois presidente do clube e da Federação Paulista), com cinco times convidados, representando o Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná.

O Palmeiras sagrou-se campeão do Robertão, ainda que na fase inicial tenha ficado três pontos atrás do Corinthians.

Depois, o conjunto palestrino venceu a Taça Brasil (que ainda definia os representantes na Libertadores). Disputou apenas seis jogos. Na semifinal, enfrentou o Grêmio. Na final, com uma derrota e duas vitórias, bateu o Náutico.

O Santos obteve seu hexa no mesmo Torneio Roberto Gomes Pedrosa (também chamado Taça de Prata), que em 1968 foi organizado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

Predominou o sistema de escolhas arbitrárias. Mudou-se o representante do Paraná. Saiu o Ferroviário; entrou o Atlético Paranaense. Bahia e Náutico foram convidados e o torneio passou a ter 17 clubes, de 7 Estados.

Naquele ano de dúvidas, incertezas e bagunça no esporte bretão, o país teve outro "campeão nacional". O Botafogo conquistou a Taça Brasil, abandonada por Santos e Palmeiras.

O Palmeiras conquista seu tetra no ano seguinte, no Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Taça de Prata). Novamente, na fase inicial, obteve menos pontos que o Corinthians. Foram 19 contra 24 dos alvinegros.

Seria campeão, aliás, somando um total de 23 pontos, contra 27 da equipe corinthiana. Explica-se: obteve um ponto a mais no quadrangular final. Coisas de regulamento…

Esta fase de torneios confusos, sem regras que definissem mérito na escolha dos participantes, termina em 1970, quando o Fluminense conquista o último Robertão.

Em 1971, a CBD finalmente cria o Campeonato Brasileiro de Futebol (Brasileirão), disputado por 20 equipes entre agosto e dezembro daquele ano. O primeiro foi vencido pelo Atlético Mineiro.

E durante décadas sabíamos que aquele tinha sido, de fato, a primeira edição do nosso campeonato nacional. Se você é veterano, sabe disso. Se não é, pergunte para o seu pai.

Neste torneio, o Palmeiras obteria somente quatro triunfos máximos (1972, 1973, 1993 e 1994); o Santos, apenas dois (2002 e 2004).

O maior vencedor é o nosso Corinthians (1990, 1998, 1999, 2005, 2011 e 2015), acompanhado do São Paulo (1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008). Segue-nos o Flamengo (1980, 1982, 1983, 1992 e 2009).

Estes Brasileiros todos vieram na bola e no campo de jogo. Sem fax!

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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