O trágico fim da gestão Duilio, que terminou sem título e com dívidas
Opinião de Tomás Rosolino
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"Muitos me colocam como o único presidente que não ganhou título em anos. Não tem problema, prefiro ser lembrado daqui uns dez como quem foi responsável e colocou o Corinthians com compliance, contas controladas e salários em dia desde o início da gestão".
A frase acima é do ainda presidente Duilio Monteiro Alves, em março deste ano, pouco depois de mais uma eliminação precoce no Campeonato Paulista. Um contraste poético e trágico com o último dia útil da sua gestão, com cobranças explícitas de um clube argentino, um jogador do elenco e uma nota explicando por que não conseguiu pagar todas as dívidas que tinha.
Ou seja, a gestão que termina sem títulos pela primeira vez em quase 40 anos também não conseguiu finalizar sua passagem como quem "foi responsável, controlou as contas e deixou os salários em dia". Um 2023 tenebroso desde a saída de Vítor Pereira até a nota emitida agora à tarde.
Buscando ser justo, não acho toda a gestão de Duilio ruim. Teve seus méritos em 2021 com as grandes contratações de Giuliano, Renato, Róger e Willian e só não foi coroada em 2022 por incompetência de Fagner e Mateus Vital. O 2023, no entanto, configura a pior administração em um ano que eu presenciei no clube desde a queda à Série B.
Com um discurso bastante baseado em legado, várias citações ao que fez Bandeira de Mello no Flamengo - esse, sim, um presidente que foi campeão e que sanou as dívidas - e negociações quase sempre baseadas na confiança que sua imagem passava, Duilio sai em uma baixa histórica da cadeira de presidente.
É o primeiro membro da situação que não consegue eleger um sucessor desde 1993, quando Vicente Matheus foi derrotado por Alberto Dualib. É o primeiro a não ganhar títulos desde Roberto Pasqua, do triênio 1985-87. É o primeiro a ter quatro técnicos em um ano desde 2006. É o primeiro a não chegar sequer em uma final de Paulista desde o estabelecimento do mata-mata, em 1974.
Espero muito que a virada na arrecadação, um grande mérito do trabalho do financeiro nesse período, seja algo a ser valorizado como fundamental para uma melhora daqui uns anos. Reforço, aliás, que Duilio é uma pessoa muito educada e agradável, sempre me tratou bem. Não se trata de um ataque pessoal. É só uma constatação triste sobre como termina sua gestão no Corinthians.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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