Não me entendam mal. Não quero, de forma alguma, dizer que o empresário é inocente. Muito pelo contrário, aliás. Meu ponto é simples:
Não se pode falar do Gabriel Pereira como se o atleta fosse um menino ingênuo e inócuo. Duas décadas de idade nas costas, senhores. Ele não pode tomar uma decisão a respeito da própria vida sozinho, mas pode assinar um contrato milionário? Pode ser preso, beber, fumar e dirigir?
Pior: ele não faz ideia do que faz o empresário? Não assiste televisão ou frequenta redes sociais? Não teve um abençoado sequer dentro do círculo do Gabriel Pereira mandando uma das dezenas de notícias sobre o assunto? Com a renovação travada desde janeiro, nunca passou pela cabeça dele que talvez algo estivesse errado?
De forma alguma acho impossível que uma reviravolta aconteça, mas essa história de 'ele quer renovar, mas o empresário não deixa' não me desce. Se há mesmo a vontade de renovar, o Gabriel Pereira faz essa exigência. Ele não nasceu grudado com o empresário.
Vocês lembram da renovação do Pedrinho? Aí, de verdade, o jogador queria renovar. Agiu como adulto e fez a exigência ao empresário. Venderam, mas por 100 milhões.
Se não funcionasse, era só demitir. Há vida sem empresário no futebol, ainda que menos conveniente. Além disso, a recorrência de atletas que representam a si mesmos tem sido cada vez maior. Até considerando o pior dos casos, qual problema existe em ser agenciado pela família? Messi, Neymar, Kane, Hazard, Alexander-Arnold e Mbappé podem, mas o Gabriel Pereira não? Por quê? Seria ele bom demais para isso?
No fim das contas, as únicas possibilidades são essas:
1. Não se fala de outra coisa em todas as mídias relacionadas ao clube, mas o atleta não tem conhecimento de nada. Caso de cárcere privado, com o garoto sendo trancado pelo empresário em uma caverna na Antártida sem qualquer contato com o mundo exterior. Não podemos julgá-lo e devemos entender que não se pode cobrar responsabilidade de uma criança (que pode beber, fumar, dirigir, servir o exército e ser presa, como qualquer outra criança)
2. Ele sabe, mas nada faz. Portanto, não faz a mínima questão de renovar ou simplesmente não quer. Isentá-lo de responsabilidade seria cego.
Tem gente que acredita na primeira opção. Parece até que o futebol virou a Terra do Nunca, onde ninguém sai da infância e atletas adultos, formados e com contratos milionários são tratados como crianças ingênuas e manipuláveis. Eu, pessoalmente, acho bizarro.
E vocês?