Não, a existência do Sub-23 no Corinthians não é um erro
Opinião de Luis Fabiani
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Desde a eleição de Duílio Monteiro Alves, em novembro, torcedores do Corinthians lotaram as redes sociais com pedidos ao novo presidente. Dentre os mais comuns, um maior uso da base, uma limpa no elenco, um corte de gastos e... o fim da categoria sub-23!
Esse último, talvez, o mais pedido. E de fato, desde que foi reativada, a categoria nunca justificou sua existência. Se desconsiderar os jogadores que jogam em mais de uma categoria, o Corinthians tem 29 jogadores sob contrato no Sub-23. Dentre esses 29, apenas 3 formados no clube: Diego Rielchemann, Igor Formiga e Rafinha. Ou seja, o Corinthians tem um elenco formado 90,7% por jogadores oriundos de outras equipes. E desses, ao meu ver, são pouquíssimos os que podem almejar compor o elenco profissional do Corinthians em algum momento.
Fora das quatro linhas, os problemas não acabam. O atual treinador da equipe, Edson Leivinha, segundo o site Ogol, não trabalha com formação de atletas de base há 21 anos, quando comandou o Náutico sub-20. Não entendo a opção da diretoria em trazê-lo para comandar o projeto.
Se seguir a conduta atual, a existência da categoria vira indefensável. Ainda que não seja de cara manutenção, o Sub-23 se mostra incapaz de gerar qualquer benefício técnico ou financeiro ao clube. E a solução, ao meu ver, não é acabar com a categoria, mas sim, rever a forma com a qual ela é gerida. Como fazer isso? Com uma nova política de montagem de elenco.
Um primeiro passo é tratar como incabíveis as contratações que venham somente para compor elenco. Afinal, em 2020, 12 atletas contratados sequer chegaram a entrar em campo. Iniciada a renovação, o Corinthians deveria se focar em oportunidades de mercado, como os bons Hugo Borges e Daniel Penha.
Além desses, a prioridade máxima ficaria nos atletas que estouraram a idade para atuar no Sub-20. Os empréstimos sem sentido para times de menor expressão como o Oeste, por exemplo, seriam substituídos pela manutenção dos jogadores no clube. Afinal, alguns jogadores exigem um tempo maior de maturação antes de subir ao profissional. Se a categoria acabar, o Corinthians continuaria se livrando de jogadores que podem, em algum momento, serem úteis à equipe principal. Casos de Madson, Nathan e Fabrício Oya, por exemplo.
A última etapa para formar o elenco, consiste no rebaixamento de alguns jogadores que chegaram prematuros à categoria profissional. Matheus Davó, Éderson, Araos, Roni e Gabriel Pereira podem usar a categoria Sub-23 para corrigir as deficiências que têm e, posteriormente, serem alçados ao time de cima.
Essa montagem de elenco, que os europeus fazem há anos, ainda não é comum no Brasil. E também por isso, a paciência do torcedor é menor. Garanto que, com um elenco bem formado, a categoria passaria a ser um atrativo para a torcida. Se hoje ela é vista com maus olhos, é pela forma amadora que é gerida, e não por sua mera existência.
Com seriedade, o Corinthians pode transformar o Sub-23 em uma arma para desenvolver e lapidar jovens talentos.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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