Mancini devolve o que roubou do Corinthians em 2017
Opinião de Luis Fabiani
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O dia era 19 de agosto de 2017. O Corinthians liderava, com folga, o Campeonato Brasileiro e vinha de uma série de 34 jogos invicto. Dominava seus adversários, sofria poucos gols e sabia se impor nos mais variados contextos. Com esse cenário, somado à então Arena Corinthians lotada, e tendo o vice-lanterna como adversário, seria impensável prever uma derrota do Corinthians. O resultado final foi 1x0 para o Vitória-BA, comandado por Vagner Mancini, num jogo incrivelmente estudado pelos baianos.
Essa derrota, inicialmente inofensiva à supremacia do Corinthians em território nacional, desencadeou, na verdade, em uma perda enorme de confiança dos jogadores para o restante da competição. Dali em diante, o Corinthians teve um aproveitamento de time rebaixado, e precisou contar com a estabilidade do primeiro turno para consagrar sua sétima estrela.
Foi Mancini, portanto, um dos grandes responsáveis pela queda absurda do Corinthians no segundo turno. Primeiro, por "desvendar" algumas falhas da equipe de Fábio Carille, que posteriormente seriam notadas por outros adversários, e segundo, por absorver toda a confiança dos atletas do Corinthians para a sua equipe, que terminaria o campeonato fora da zona de rebaixamento.
Agora, três anos e meio após o triunfo histórico do Vitória em Itaquera, quem comanda o Corinthians é o próprio Vagner Mancini. O treinador pegou o Timão na zona do rebaixamento, em colapso político/financeiro e sem qualquer tipo de perspectiva para a sequência do ano. Passados 15 jogos desde sua estreia, o Corinthians virou favorito à vaga na Libertadores e dá início ao que pode ser um ano bastante animador à sua torcida.
Mas o que venho destacar aqui não é o mero resultado trazido em campo. Agora, Mancini parece devolver ao Corinthians aquilo que roubou em 2017, que é a confiança. Não se vê um time do Corinthians tão confiante em si mesmo desde o primeiro turno histórico do ano do heptacampeonato brasileiro. E não, não estou sugerindo algo sobrenatural, que torne Mancini um ser capaz de penetrar a cabeça de seus atletas e injetar confiança. Mas é de se ressaltar a forma como essa tônica se repete nos trabalhos do atual treinador do Timão. Foi assim no Vitória em 2017, foi assim no São Paulo em 2019 e está sendo assim no Corinthians em 2020/2021. Não é por acaso.
Fagner, Gabriel, Gil, Cássio e Jô nunca desaprenderam a jogar futebol. Se em algum momento oscilaram, isso de dá, em partes, pela falta de confiança para fazer aquilo que mais sabem. Hoje, com a moral lá em cima, justificam toda a expectativa depositada em seus desempenhos.
Vagner Mancini mudou o Corinthians sem mudar a si mesmo. E se ainda é capaz de acabar com a confiança de um time consolidado, lembremos do nó tático que deu em Fernando Diniz e companhia, dias antes do início das oscilações do Tricolor na temporada.
E mais: veja os pilares do 'mancinismo'
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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