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Memórias de um Corinthians x Grêmio
Memória Fiel

Nostalgia alvinegra que vai além dos jogos, gols e súmulas. Aqui reviramos os arquivos para reencontrar as várias pequenas histórias e detalhes que formam a gigantesca história do Corinthians.

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Memórias de um Corinthians x Grêmio

Coluna do Juliano Barreto

Opinião de Memória Fiel

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Memórias de um Corinthians x Grêmio

Memórias de um Corinthians x Grêmio - Foto do pôster do time campeão (o time da final teve Vítor na lateral, em vez de André Santos)

Foto: Reprodução/Folha de S.Paulo

Receber o Grêmio em casa sempre é motivo para lembrar da Copa do Brasil de 1995. O time do técnico Luis Felipe Scolari era uma das sensações do futebol brasileiro naquele momento e chegava à final para encarar um time do Corinthians que mesclava jogadores rodados e moleques promissores comandados por um técnico novato. QUALQUER SEMELHANÇA COM 2017 NÃO É PURA COINCIDÊNCIA.

Jogando na base da porrada e dos contra-ataques, com muitas bolas aéreas para as cabeçadas mortais do grandalhão Jardel, o time seria campeão da Libertadores alguns meses depois, mas, antes, penou bastante para chegar às finais da competição nacional. E quando chegou, encontrou um Corinthians embalado e surpreendente. Perdeu as finais tanto na ida quanto na volta. Na ida 2x1 com gols de Viola e Marcelinho. Na volta, com Marcelinho fazendo 0x1.

No jogo de ida, o Corinthians recebeu o Grêmio no Pacaembu para um público de 25.281 pagantes (segundo ficha publicada na Folha). Na época, a Copa do Brasil ainda não era encarada como a segunda competição mais importante do Brasil, tanto que só era exibida pelo SBT! Era um tempo em que os campeonatos estaduais ainda rivalizavam com o Brasileirão em termos de relevância (E para quem não lembra, o Corinthians ganhou o Paulistão de 1995 também!).

A final da Copa do Brasil entre Corinthians e Grêmio, no entanto, ajudou a colocar a competição em destaque no cenário nacional. As finais foram dois jogaços. Entre os corinthianos campeões de 1995, havia a experiência do goleiro Ronaldo, do lateral Vítor, do zagueirão Henrique, do volante Bernardo e dos já ídolos Viola e Marcelinho Carioca. Completavam o time, moleques campões da Copa SP de Juniores daquele mesmo ano, como André Santos e Silvinho, e apostas como o meia Souza (na época com apenas 20 anos). O Grêmio por sua vez, apostava na garra e na catimba, com uma seleção de cavalos como Arce, Rivarola, Adilson Batista, Dinho e Paulo Nunes, com o comando do sempre catimbeiro de Felipão.

Para relembrar a história do jogo, vamos relembrar as notas dadas para os exigentes jornalistas da Folha de S.Paulo naquela noite de quinta-feira, 15 de junho de 1995:

Ronaldo: 6,0 / Vítor: 5,5 / Célio Silva: 6,5 / Henrique: 5,5 / Silvinho: 5,0
Marcelinho Paulista: 4,5 / Bernardo: 5,0 / Souza: 6,5 /Marcelinho Carioca: 7,5 (Destaque)
Viola: 7,0 / Fabinho: 5,0
(Entraram no segundo tempo Elivélton e Ezequiel, mas ficaram sem nota)

Outro pedacinho de papel que traz boas recordações são as colunas do dia seguinte à final. Alberto Helena Junior, então colunista da Folha, disse logo na manchete que a "Conquista gremista seria um mal para o futebol." Nos texto, ele explica que os gaúchos tinham uma "violência incontrolável" e "um futebol pragmático" enquanto que "O Corinthians embora não seja o paradigma do futebol-arte... pelo menos tem o menino Souza, cheio de dengos, com aquela canhotinha esperta. Tem o Marcelinho e seus tiros e centros traiçoeiros. Ao atirar, colheu o goleiro adversário no contra-pé e assegurou a vitória. Ao centrar, achou Viola na área, a "setea negra", para se contrapor a Di Stéfano "la saeta rubia". E tem Viola, um sarro. Queremos o sarro."

Nas internas outro colunista, Matinas Suzuki Jr., chamou o jogo de "Guerras das Tintas" porque o Corinthians era patrocinado pela Suvinil, e o Grêmio pelas tintas Renner. Matinas também destacou a atuação de Viola e aproveitou para achincalhar o futebol covarde do Grêmio. "O time do Corinthians era o time da cobiça, sedento da alegria, era o arco teso da promessa, mas que não conseguia vazar o arco retesado do grande Danrlei"... Até que "Viola que, qual um Shaq em vôo no garrafão adversário, só enterrou".

Que amanhã, quinta-feira 19 de Outubro de 2017, tenhamos manchetes tão boas e textos tão inspirados quanto esses da quinta-feira, 15 de junho de 1995. Vai, Corinthians!

VALEU PARA O PESSOAL QUE COMENTOU SOBRE O PÚBLICO DO JOGO. ESTAVA ERRADO. JÁ CORRIGI.

Veja mais em: História do Corinthians e Campeonato Brasileiro.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Juliano Barreto

Por Juliano Barreto

Jornalista, biógrafo, maloqueiro e sofredor. Desde 1993 recorta jornais, revistas e guarda tudo relacionado ao Coringão. Neste blog, vamos tirar a poeira desses arquivos e matar as saudades.

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