Ok, estamos usando a base. Mas o motivo não me orgulha
Opinião de Ulisses Lopresti
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A semana do Timão foi cheia e marcada por episódio negativo: 21 funcionários estão com Covid-19, dentre eles, dez jogadores. Na véspera de um Dérbi, essa notícia preocupou e levantou a discussão sobre o andamento das competições de futebol no Brasil, que bate recordes de morte pela doença.
Mesmo assim, o jogo não foi adiado e o Corinthians apenas inscreveu mais atletas. Na carência de jogadores causada pela pandemia, os da base estão sendo mais utilizados. É verdade que Vagner Mancini prometeu um olhar especial para os mais jovens nessa temporada, mas isso foi acentuado por causa do surto de Covid-19.
Chegou ao ponto de um garoto de 16 anos ser promovido. Sim, 16 anos. Guilherme Biro foi dispensado da Seleção Brasileira Sub-17 para completar o elenco alvinegro. Podíamos estar celebrando a promoção de um atleta tão jovem, mas o cenário traz uma melancolia para o noticiário.
É triste ver como estamos lidando com a pandemia, como o país se afunda em números de casos e como isso se torna normal em uma fração de segundos. O futebol é um reflexo disso, o Corinthians é um reflexo disso. Não pode ser normal um surto de Covid-19 e a ideia de que tudo pode ser resolvido, que podemos promover alguém rapidamente. Agora é o momento do clube encabeçar uma discussão séria sobre uma possível paralisação do futebol, já que somos parte envolvida.
Mais do que atuar no Paulistão, temos jogo marcado pela Copa do Brasil, e a necessidade de viajar o país para atuar me parece irresponsável no momento que vivemos. Não é hora, não é momento.
O Brasileirão acabou agora, é o cenário perfeito para uma paralisação. Para a temporada 2021, pouco afetará jogos hoje ou daqui a um mês. Mas não, federações e confederações insistem em jogar Paulistão, Copa do Brasil, Sul-Americana, sem enxugar nem um pouco o calendário.
Espero poder ficar contente com o uso da base, ver os garotos vestirem a camisa do Timão e retomar nossa esperança por títulos. Tomara que daqui algum tempo isso seja motivo de orgulho e não de desesperança e arrependimento.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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