Entre 'passadores de pano' e 'imediatistas': quando analisar Sylvinho virou uma guerra de extremos?
Opinião de Ulisses Lopresti
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No final de julho, durante um protesto no CT, Duilio deu um prazo de avaliação do Sylvinho que duraria sete jogos. Até então, a campanha do Corinthians era bem mediana, com um time sem destaques e um futebol sem nenhum brilhantismo. Entretanto, o time começava a apresentar uma defesa forte.
Nos meses seguintes, o corinthiano, e o Sylvinho, se surpreenderam com contratações de jogadores de peso. Os sete jogos passaram, o Timão melhorou o desempenho, desde então venceu Cuiabá, Athletico, Grêmio e Ceará. Estamos na sexta colocação, mas o sarrafo subiu. O resultado não acompanha o desempenho, e o ouvido do treinador voltou a ficar quente. Porém, será que estamos analisando o trabalho do técnico de forma coerente?
Antes de me xingar, não estou “passando o pano” para o Sylvinho. Meu ponto é que a análise sobre o técnico virou um gigante “ame ou odeie”. Nas redes sociais, é possível ver que apenas existem duas linhas de pensamento: ou você exige a demissão do técnico, ou você é fã do trabalho.
Pode ser um fruto da era das redes sociais, opiniões polarizadas e discurso acalorado. Porém, eu não me lembro desse conflito nem com os últimos treinadores do Corinthians, Tiago Nunes passou por uma crise gigante e Vagner Mancini teve um começo de ano desastroso. Mesmo assim há quem diga que esses trabalhos foram muito melhores que o atual.
É fundamental que análise do trabalho do técnico seja com um tom mais ameno. Por alguns motivos. É nítido que o trabalho do Sylvinho tem que melhorar (e muito!). O treinador precisa melhorar o desempenho da equipe em casa, o ataque precisa melhorar e ele precisa conseguir encaixar um meio com os reforços e que tenha pegada, coisa que faltou contra o Juventude.
Mas sejamos sinceros, no começo do Brasileirão dizíamos que o objetivo do Corinthians era ficar no meio da tabela. Tentamos dois treinadores que nos recusaram, Sylvinho foi o plano C. O Brasileirão começou em um processo de aliviar a folha e se desfazer de jogadores. Mesmo assim, chegamos ao fim do primeiro turno na zona de classificação para a Libertadores. Eu não consigo entender o hate gigante com esse trabalho.
A demissão de um técnico com essa performance beira o absurdo. Porém, os elogios exacerbados também.
É um treinador que está montando uma equipe ao longo do campeonato. E mais, ganhou reforços estrelados no meio do trabalho. Temos que esperar para ver qual vai ser dessa equipe.
Vojvoda, Jorge Jesus, Abel, foram treinadores que mudaram suas equipes assim que chegaram. Sim, Sylvinho não está nesse nível, mas não quer dizer que o time não será competitivo com o técnico.
A discussão tem que para de ser uma batalha de extremos, onde vale tudo e ou você “passa o pano” ou você é “imediatista”.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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