A história do vestibulando que abriu mão do Enem pelo Corinthians
Opinião de Luis Fabiani
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Para muito estudante de ensino médio, o final do ano é uma época tensa. Não basta a pressão vinda do próprio colégio, os vestibulares batem na porta com um nível de exigência altíssimo. Ao fã de futebol, essa tensão se junta muitas vezes ao nervosismo de uma reta final dos campeonatos Brasil afora.
Em 2017, fui um destes. No mês de novembro, dividi meus pensamentos entre vestibulares e Corinthians. Posso até dizer que o Timão ocupava a maior parte. Estávamos em vias de nos tornarmos campeões brasileiros, mas com o Palmeiras vindo logo atrás. Bastariam duas rodadas para irmos do céu ao inferno.
Naquele ano, fiz provas de vestibular em todos os fins de semana de novembro. Por muito tempo, sofri por antecipação ao ver os jogos que iria deixar de assistir por conta das provas.
Sabia, que Corinthians x Atlético-MG cairia num fim de semana de Fuvest. Ok... Posso abrir mão dessa partida.
Flamengo x Corinthians batia com a data do vestibular da Unicamp. Não quero perder o jogo, mas fazer o quê?
Corinthians x Palmeiras, líder x vice líder, o Dérbi mais esperado da história da Arena... Caiu no mesmo dia do Enem.
Resumindo: tinha que escolher entre o jogo mais aguardado do ano e a prova mais importante da minha vida. Mas como eu iria traduzir este sentimento aos meus pais, assim como eu, ansiosos pela prova?
Não tive muita escolha. Sabia que teria que prestar aquele maldito vestibular.
No dia, eu tremia de nervoso. Comecei a prova sem nem pensar nas fórmulas de química ou nos detalhes da Revolução Francesa. Minha cabeça voava.
"E se a gente perder? E se ganharmos? Será que ele vai tirar o Maycon do time?"
As únicas respostas que eu tinha consistiam nos fogos de artifício soltados nos prédios vizinhos ao local da prova. Nem acesso ao horário eu tinha. Quando acabei a primeira metade, minha estimativa de horário indicava que estava por volta de umas 16h50. O jogo era às 17h. Não titubeei. Entreguei o gabarito com as 45 questões de matemática em branco. O fiscal da sala me olhou bem feio.
Na rua, virei Usain Bolt. Corri até o metrô mais próximo e um trajeto que normalmente levaria 25 minutos levou somente dez. Cheguei em casa naquele dia a tempo de ver Balbuena, Romero e Jô garantirem a vitória alvinegra - e deixarem o título bastante encaminhado.
Hoje, estou estável no estágio e curso uma faculdade que me agrada. Quase três anos após a decisão mais difícil da minha vida, não me arrependo do que fiz.
O bando de loucos fez jus ao nome naquela tarde de domingo. Mas se você for pai de um(a) vestibulando(a), jamais mostre esse texto ao seu filho ou a sua filha.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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