À deriva, Corinthians joga “como se não houvesse amanhã”
Opinião de Marcelo Becker
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Nesta quarta-feira, diante do São Bernardo na Neo Química Arena, Fernando Lázaro fará seu terceiro jogo em sua segunda passagem como técnico interino do Corinthians. Ele, que esteve na função justamente antes de Sylvinho ser contratado, agora ocupa mais uma vez o lugar enquanto o presidente Duilio Monteiro Alves não encontra um profissional efetivo para treinar o futebol profissional masculino corinthiano.
Sendo assim, é importante esclarecer: a parte do título desta coluna onde escrevi “como se não houvesse amanhã” se refere absolutamente ao time, titulares e reservas que vão enfrentar o clube do ABC Paulista. Se pensarmos no todo, o tempo que a diretoria do Timão está levando para definir o novo técnico é muito válido e pertinente, considerando nesse caso o argumento “sem pressa para não errar”.
Entretanto, voltarei a falar aqui do trabalho diário que segue sendo feito com a equipe profissional no CT Dr. Joaquim Grava, bem como dos jogos oficiais disputados neste período com um comandante interino. Que legado esse trabalho, esses jogos, deixarão ao próximo professor? Lázaro usou contra o Mirassol na semana passada um time que iniciou o jogo sem um centroavante fixo. O novo treinador será adepto a esse estilo de jogo, por exemplo? E isso vale para tantos outros questionamentos em relação ao presente do time do Corinthians.
Em entrevista ao programa Grande Círculo, do canal SporTV, que será exibido no sábado, Duilio revelou ser, agora, um entusiasta de um técnico estrangeiro.
“Os treinadores estrangeiros com quem eu conversei, trocando ideias gerais de futebol, me surpreenderam bastante. Eu não era um adepto, favorável, um entusiasta com treinador estrangeiro. Minha cabeça mudou realmente”, disse o presidente.
Agora, sobre o futuro (leia-se “novo treinador”), pergunto – e eu mesmo respondo: sem um parceiro que possibilite isso, o Corinthians pode pagar algo como R$ 2 milhões mensais para um técnico? A minha opinião é que não. Então, a saída para o movimento de importação profissional do clube do Parque São Jorge pode ser em mercados nos quais seus profissionais não façam propostas em Euro. Sendo mais direto, América do Sul: Argentina, Uruguai, e sim, Brasil.
Não estou convicto de que o único modelo a ser seguido é o português. Aliás, que modelo é esse? A maneira de jogar dos times de Jorge Jesus é completamente diferente daquela vista nas equipes de Abel Ferreira, para ficar nos últimos lusitanos de sucesso por aqui. Até mesmo os especulados (não confirmados pelo clube) são distintos entre si. Paulo Fonseca é diferente de Vítor Pereira, que se comparado com Nuno Espírito Santo se assemelha apenas na nacionalidade.
Ao demitir Sylvinho, Duílio falou em “correção de rota”, que a meu ver deveria ter sido feita em dezembro, após o término do Campeonato Brasileiro. Assim, a tal correção veio mais (ou totalmente) por pressão de grande parte da Fiel do que por convicção do trio formado pelo presidente junto com Roberto de Andrade, diretor de futebol, e Alessandro Nunes, gerente de futebol.
Assim, vamos para mais uma partida com Fernando Lázaro como técnico interino. Onde o resultado é o mais importante e o grupo busca evoluir a cada jogo, trabalhando como se não houvesse amanhã.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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