Diferentes versões de um mesmo Corinthians pode ser o caminho para uma temporada de sucesso
Opinião de Marcelo Becker
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Para ter sucesso, um técnico de futebol precisa dispor de várias qualidades. Entender de tática, de jogo, é apenas uma delas. Saber gerir um grupo de pessoas de personalidades distintas é tão importante quanto. Nesta coluna, vou tratar daquele que talvez seja o maior desafio para um treinador; logo, algo que Vítor Pereira pode estar enfrentando no Corinthians.
Cada profissional carrega consigo convicções sobre o jogo. Maneiras, estilos, posturas táticas que gostaria que suas equipes impusessem nas partidas. Contudo, por mais convicto que o técnico seja quanto a isso, nem sempre é possível. Adaptar seu estilo de jogo às características dos atletas do elenco é imprescindível para o sucesso de um time.
Não adianta querer posse de bola, se os atletas oferecem verticalidade, por exemplo. Da mesma forma, não me parece o ideal optar por um estilo “perde/pressiona” a todo momento, se seus jogadores não conseguem executar tal exercício por pelo menos dois terços de um jogo.
Esse é justamente o ponto que o Corinthians me pareceu ter apresentado na vitória por 2 a 0 contra o Boca Juniors, em duelo válido pela Copa Libertadores disputado na noite de terça-feira, na Neo Química Arena. Vítor Pereira sempre deixou claro que busca ter uma equipe que marque alto, que controle a posse e as ações do jogo.
Mas, após confronto contra os argentinos, Filipe Almeida, auxiliar de Vítor Pereira, que comandou o Timão na área técnica, em entrevista coletiva após o jogo, falou o seguinte sobre a vitória corinthiana:
"Entramos forte procurando o gol, e era esse o objetivo. Logicamente, isso nos ajudou a continuarmos à procura do segundo. Se isso condicionou o adversário? Eu acredito que sim, condiciona qualquer equipe. A abordagem é diferente. No nosso caso, entramos fortes, mas penso que continuamos à procura do segundo e, mesmo depois do segundo, por questões estratégicas, abaixamos um bocado, mas a equipe sabia claramente o que tinha que fazer. Portanto, foi sempre um jogo controlado".
Sendo assim, após enfrentar algumas dificuldades neste ainda início de trabalho, talvez o técnico português abra mão um pouco de suas predileções de jogo e faça com que o Corinthians passe a atuar, por vezes, de forma reativa, com as linhas de marcação mais baixas e buscando contra-atacar, algo improvável até pouco tempo.
Este Corinthians precisa provar sua capacidade em grandes jogos. Vencer o Boca Juniors foi um bom indicativo, mas é preciso seguir evoluindo e buscar a melhor maneira de jogar com os jogadores disponíveis. Esse pode ser o caminho de uma temporada de sucesso do Timão.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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