A busca do Corinthians por um treinador: uso da base é apenas a ponta do iceberg
Opinião de Luis Fabiani
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Fui surpreendido nesta manhã com uma apuração do excelente André Hernan, no GloboEsporte.com, detalhando o método de seleção adotado pela diretoria do Corinthians na busca por um novo treinador à sua equipe profissional. Dois dos pré-requisitos estabelecidos ao nome buscado seriam aceitar um contrato de dois anos e colaborar com bom uso das categorias de base.
A segunda prioridade é o que mais me chama atenção (e em partes me preocupa). A diretoria de futebol do Corinthians entende que o bom manejo de jovens oriundos da base é totalmente condicionado à escolha do novo treinador. Na opinião deste humilde colunista, o treinador da equipe profissional, na verdade, é apenas a "ponta do iceberg" na formação de jogadores.
Me levanta curiosidade o que "valorizar a base" significa para Duilio Monteiro Alves, Roberto de Andrade e Alessandro Nunes, os responsáveis pelo futebol do Corinthians. Um treinador que escale oito jogadores da base em uma partida, de forma randômica, sem dar sequência a processos do clube, ao meu ver, não está necessariamente valorizando a formação de atletas.
O ideal seria um técnico adepto de projetos a longo prazo, hábil a controlar processos e dialogar com os profissionais do setor formativo do Corinthians. Mas como crer que isso é possível em uma gestão presidencial que, até o momento, coleciona episódios de descuido com a base? Me parece demagógico.
Há poucos dias, meu colega Rodrigo Vessoni noticiou uma situação que endossa ainda mais meu argumento principal nesta coluna. Os responsáveis do futebol do clube preferem evitar que o novo técnico tenha a "chave do CT" e que os processos sigam tocados por profissionais antigos do Corinthians, sem que possa ser modificada após a última década de sucesso no clube.
É difícil crer em um processo limpo de formação quando a base do Corinthians cada vez mais caminha para se tornar um espaço tomado por ex-atletas do clube. No atual momento, três importantes cargos estão sob os cuidados de Danilo, treinador do Sub-20, Márcio Bittencourt, coordenador técnico e Célio Silva, observador técnico. Além, claro, da forte influência do conselheiro vitalício Jacinto Antônio Ribeiro nas tomadas de decisão no departamento.
A escolha por um treinador que utilize bem os jovens e respeite os processos é fundamental para o Corinthians, mas não é o bastante para concluir que o clube está no caminho certo na formação de atletas. Como disse, o técnico profissional é apenas a "ponta do iceberg" de um trabalho que, na verdade, precisa ser muito maior.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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