O recado a Vítor Pereira por uma mudança de rota no Corinthians
Análise de Luis Fabiani
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O termo "mudança de rota" foi utilizado pelo presidente Duilio Monteiro Alves em coletiva de imprensa, após uma derrota do Corinthians para o Santos, que culminou na demissão do técnico Sylvinho. Na ocasião, o dirigente alvinegro fez uso de sua fala para justificar uma troca na comissão técnica e, por consequência, na metodologia utilizada no dia a dia do CT Joaquim Grava.
Em um contexto completamente diferente, onde uma demissão, não deve nem ser cogitada, Vítor Pereira parece também precisar de uma mudança de rota. E a lógica parte de uma declaração do próprio treinador, logo após o choque de realidade que foi a derrota por 2 a 0 para o Flamengo, na Neo Química Arena.
"Estamos com dificuldades na frente. Temos o Giovane, que era a única solução que tínhamos no banco. Tínhamos o Róger, que pode jogar como externo, mas, em minha opinião, não consegue trabalhar como eu entendo, portanto, precisamos passar o Yuri no corredor e passar o Róger mais centralizado", afirmou o português, em coletiva.
Em uma simples fala, Vítor Pereira se mostra irreversível na ideia de adequar os jogadores à forma que gosta de jogar. E o discurso de que o elenco é limitado, o qual realmente fazia sentido semanas atrás, cai por terra quando o próprio treinador é quem parece limitar suas alternativas, já que sabidamente, Yuri Alberto e Róger Guedes deixaram seus setores mais confortáveis para seguir uma proposta da comissão.
A necessidade de ter pontas que façam o serviço "de área à área", citado pelo treinador na declaração acima, está muito mais ligada à forma como o Corinthians joga do que necessariamente a alguma tendência do futebol mundial. E este pensamento, mesmo após as excelentes contratações que fez de um ano para cá, levou a equipe a ter Gustavo Silva e Adson como titulares no principal jogo do ano. Essa responsabilidade não deveria caber a eles.
A ausência de Róger Guedes em campo pela indisposição na marcação faz sentido apenas na forma que o Corinthians joga, longe de ser a mais adequada a quem, de fato, pode levar o time "nas costas". A proposta de jogo parece potencializar muito mais aqueles que não vão decidir as grandes partidas, como os "miúdos", que carregam a principal virtude do treinador nestes cinco meses de trabalho.
E claro, não só o camisa 9 parece desconfortável com a maneira da equipe jogar. Renato Augusto, Giuliano, Willian, Maycon e Fagner, por exemplo, podem não estar rendendo abaixo do esperado por mera coincidência ou falta de vontade.
Quando desfalcado, a comissão técnica do Corinthians apostou em um time competitivo capaz de conseguir resultados a curto prazo, sem pensar em voos maiores ou grandes projetos. Com os retornos, o tempo de treinamento, e as decisões a caminho, é necessário que o time dê uma resposta também em desempenho.
Seja em uma troca de esquema (um 4-4-2 pode ser interessante), de postura, ou até mesmo de metodologia, urge a necessidade de Vítor Pereira mudar de rota. É hora do treinador do Corinthians abrir mão de algumas convicções, se adequar àquilo que o elenco oferece e não inverter os papéis.
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